Vida em casal 1: fazer pelo outro e para o outro - Coluna Psicologia e comportamento por Flavia Bertuzzo

Vida em casal é um assunto que possui uma infinidade de temas. Então, por aqui e de vez em quando vou trazer o assunto dividido em sub-assunto. Acho que farei isso com outros “assuntões” também, quem quiser sugerir temas, fique à vontade.

Bom, mas acontece que, nessa vida com outra pessoa, dividindo bênçãos e maldições, tem sempre essa coisa embutida de não fazermos mais e somente os nossos desejos e possibilidades. Na verdade, isso já ocorria antes, desde que a vida começa a insinuar e esfregar em nossa cara que tudo acontece por circunstâncias que muitas vezes fogem de nosso controle. No entanto, quando a gente passa a viver ou conviver amorosamente com outra pessoa surge um agravante nessa história: além de não podermos fazer tudo como queremos (como a vida já bem nos ensinou), precisamos agora fazer também pelo outro que nos acompanha. Ai ai. Já não estava difícil o suficiente?

Pois bem, aqui vão boas notícias. O fazer pelo outro, quando é genuíno e envolve doação (de tempo, de dedicação, de envolvimento), na verdade promove nossa adaptação como seres humanos à frustração de sermos sempre ou muitas vezes castrados pela vida em geral.

Explico. Quando você se frustra sem amor, é mais difícil a aceitação, ao passo que se você precisa fazer algo que não é exatamente da sua vontade mas o faz porque sente e pratica o amor pelo outro, fica mais fácil de digerir a frustração advinda desta situação. E no final das contas, tudo se espalha. Vamos, através do amor, nos tornando resilientes à circunstâncias frustrantes (não gosto de filmes de ação mas muitas vezes assisto para fazer companhia, não gosto de dormir de porta aberta mas me acostumei) e praticantes de ações diárias de acolhimento e superação. E o legal é que conseguimos com o tempo sermos assim também (melhores) em outras áreas, porconta da prática e generalização.

Mas vejam. Dois pontos são importantes para este “bom funcionamento da frustração pelo amor”: o vice-versa e a genuinidade da ação. Fazer pelo outro requer abertura de alma e abrir mão de seu mundo por alguns momentos, para sempre (para sempre = enquanto durar). A genuinidade não ocorre sem esforço, claro, não estamos falando que seja natural, mas precisa ser ou tornar-se fidedigna e fiel. Isso acontece com o tempo e o treino, dentro da relação. O vice-versa é fundamental na medida em que você também precisará desta compreensão nua, sem subterfúgios. É doação e bem-estar por ver o outro feliz.

Flávia de Tullio Bertuzzo Villalobos

 

 

Psicóloga formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e especialista em Psicologia Clínica Comportamental pela Universidade de São Paulo. Psicoterapeuta comportamentalde adultos e famílias, psicóloga do Ambulatório de Saúde Ocupacional da 3M do Brasil e proprietária da Villa Saúde – Psicologia & Cia, uma proposta multidisciplinar e inovadora de fazer saúde íntegra.  Contato: flavia@villasaudecampinas.com.br   www.villasaudecampinas.com.br     Facebook: Villa Saúde - Psicologia & Cia   Instagram: @villasaudecampinas