Exposição de Doris Homann ficará até dia 30/09 em Campinas

A Exposição Doris Homann: A Pintura da Condição Humana, que está aberta ao público desde o dia 13 de agosto, teve o prazo de visitação ampliado para o dia 30 de setembro, no Ligia Testa Espaço de Arte, no Taquaral. A exposição tem sido elogiada pelos artistas e demais visitantes por sua importância histórica, ao resgatar a vida e obra da pintora e escultora alemã, que sobreviveu às duas guerras mundiais e morou muitos anos no Brasil.

     A exposição, como conta a produtora Ligia Testa, documenta as múltiplas facetas da vida e da obra de Doris Homann, pintora, ceramista, escultura e gravurista. “O objetivo é apresentar, de forma inédita para os apreciadores da arte e público em geral de Campinas e região, uma biografia de enorme riqueza e uma obra que reflete as angústias e também as esperanças de períodos tumultuados da história da humanidade”, diz Ligia.

     A produtora lembra que o evento é fruto do desejo das duas filhas de Doris Homann, Claudia e Livia, há anos radicadas em Campinas. As filhas sonhavam em promover uma exposição em homenagem à vida e obra da mãe. Livia, a primogênita, faleceu poucos dias antes da abertura da exposição, mas participou ativamente de todo o processo de idealização, formulação e produção.

Doris Homann, vida e obra - Doris Homann nasceu em Berlim, no dia 16 de maio de 1898. Talento precoce, Doris estudou no Konigstaatlisches Lizeum (Liceu Real) e na Academia de Belas Artes, tendo integrado o círculo de artistas reunidos em torno do escultor e pintor Otto Freundlich.

     Os ideais libertários permaneceram em Doris Homann, que como outros artistas viveu um período de efervescência na República de Weimar (1918-1933). Nesta época, atuou em vários jornais, ilustrou livros e protagonizou várias exposições, individuais e coletivas, convivendo com grandes expressões da cultura como Vladimir Mayakovsky (1893-1930), George Grosz (1893-1959), Wassily Kandinsky (1866-1944)  e Kathe Kollwitz (1867-1945). Ela se casou com o jornalista e dramaturgo Felix Gasbarra (1895-1985), que foi colaborador de Erwin Piscator (1893-1966), um dos nomes que revolucionaram o teatro contemporâneo.

      Com a chegada de Hitler ao poder, em 1933, a situação política, econômica e social na Alemanha ficou cada vez mais insustentável e logo Doris Homann transferiu-se com as filhas e marido para a Itália. Ela presenciou em setembro de 1943 o bombardeio aliado à cidade de Frascati, onde residia com as filhas.

      A primogênita, Livia, foi a primeira a mudar-se para o Brasil e em 1948 foi a vez de Doris vir para o país com a filha Claudia. Elas passaram a viver no Rio de Janeiro, onde logo Doris foi reconhecida como grande artista. Na ainda capital federal realizou várias exposições de sucesso. A artista faleceu em 1974.

Artistas destacam relevância histórica da exposição – Os artistas e profissionais da cultura que visitaram a exposição Doris Homann: A Pintura da Condição Humana destacaram a importância histórica da iniciativa, ao viabilizar o conhecimento para o público de Campinas e região da biografia e legado da criadora de origem alemã.

      A pintora Pama Loiola evidenciou a coragem de Doris, que “não teve medo de lidar com temas fortes, como a dor e a morte”. Para Pama, Doris “colocou o dedo na ferida” com as suas obras. Ela entende que a pintura da artista nascida na Alemanha dialoga com nomes como o expressionista austríaco Egon Schiele (1890-1918) e o simbolista, também austríaco, Gustav Klimt (1862-1918).

     Cônsul britânico em Campinas, Pierre Coudry destacou as aquarelas produzidas por Doris Homann, que em sua opinião ratificam a qualidade técnica da artista. Ele ressaltou a relevância histórica da retrospectiva, ao colocar a obra de Doris à disposição das novas gerações.

      Criadora de uma obra multicolorida, a pintora Rachel Ferrari entende que Doris Homann expressou com qualidade e dignidade os próprios sentimentos e a visão do mundo que testemunhou. Daí a importância da iniciativa em apresentar ao público esse documento visual da história recente da humanidade.

      Ouvidor e mestre de cerimônias do Instituto CPFL Cultura, Giancarlo Arcangeli considera que Doris Homann é autora de uma pintura épica, lírica, mostrando com profundidade mas também leveza temas cruciais para o ser humano. Ele evidencia seus “retratos emblemáticos” e entende que muitas das obras de Doris apresentam traços surrealistas. “É uma pintura analítica, investigativa sobre o humano”, resume.

      A pintora, caricaturista e chargista Synnöve Hilkner também reforçou a importância de realização da exposição de uma artista com obra marcante. “Muito importante esse resgate, para a apreciação por pessoas que ainda não tinham tido a oportunidade de conhecer essa obra tão forte e representativa de nosso tempo”, afirmou Synnöve.

Vernissage de Doris Homann que retrata a arte revolucionária vem pela primeira vez em Campinas

Uma artista que sobreviveu aos horrores das duas guerras mundiais e que pintou as dores, lutas e transformações de seu tempo. Uma mulher revolucionária, que conviveu com os maiores nomes da cultura europeia em sua época e deixou um legado ainda pouco conhecido no Brasil, o país que escolheu para viver com as duas filhas. Assim é Doris Homann (1898-1974), a pintora nascida na Alemanha e cuja obra será apresentada pela primeira vez em Campinas em uma exposição entre os dias 13 de agosto e 13 de setembro, na Ligia Testa Espaço de Arte, no Taquaral: DORIS HOMANN: A Pintura da Condição Humana.

A exposição, como conta a produtora Ligia Testa, vai retratar as múltiplas facetas da vida e da obra de Doris Homann, pintora, ceramista, escultura e gravurista. “O objetivo é apresentar, de forma inédita para os apreciadores da arte e público em geral de Campinas e região, uma biografia de enorme riqueza e uma obra que reflete as angústias e também as esperanças de períodos tumultuados da história da humanidade”, diz Ligia.

A produtora nota que o evento é fruto do desejo das duas filhas de Doris Homann, Claudia e Livia, que há anos escolheram Campinas como moradia. As filhas nutriam a expectativa de promover uma exposição como tributo à vida e obra da mãe e agora o sonho será realizado. Livia, a primogênita, faleceu há poucos dias, mas participou ativamente de todo o processo de idealização, formulação e produção da exposição.

Doris Homann, vida e obra - Doris Homann nasceu em Berlim, no dia 16 de maio de 1898. Nascida em família de classe média alta, a artista vivenciou infância e adolescência nos últimos momentos do Império Alemão, sob o domínio de Wilhelm II, até sua abdicação em 1918, ao final da Primeira Guerra Mundial.

Talento precoce, Doris estudou no Konigstaatlisches Lizeum (Liceu Real) e na Academia de Belas Artes, tendo integrado o círculo de artistas reunidos em torno do escultor e pintor Otto Freundlich. Ele foi um dos nomes com obras incluídas na famigerada exposição da Arte Degenerada, assim designada por Adolf Hitler. Freundlich morreu no campo de Majdanek, na Polônia, em 1943.

Os ideais libertários permaneceram em Doris Homann, que como outros artistas viveu um período de efervescência na República de Weimar (1918-1933). Nesta época, atuou em jornais como "Die Fran", "Die Rote Fahne" e "Der Knüepel", ilustrou livros e protagonizou várias exposições, individuais e coletivas, convivendo com grandes expressões da cultura como Vladimir Mayakovsky (1893-1930), George Grosz (1893-1959), Wassily Kandinsky (1866-1944) e Kathe Kollwitz (1867-1945). As tonalidades expressionistas e surrealistas na obra de Doris Homann são tributárias dessa hora de intervalo democrático e utópico entre as duas guerras mundiais que foi a República de Weimar.

O Café Leon, em Berlim, era um dos principais pontos de encontro da intelectualidade europeia e nele Doris passou bons momentos com o marido, o jornalista e dramaturgo Felix Gasbarra (1895-1985). Nascido em Roma, Gasbarra vivia desde os dois anos com a família na Alemanha. Ele foi colaborador de Erwin Piscator (1893-1966), um dos nomes que revolucionaram o teatro contemporâneo. Data de 1927 o primeiro “coletivo dramatúrgico” fundado por Piscator, em parceria com Gasbarra, e que teria Bertold Brecht (1898-1956) como um ativo participante.

Com a chegada de Hitler ao poder, em 1933, a situação política, econômica e social na Alemanha ficou cada vez mais insustentável e logo Doris Homann transferiu-se com as filhas e marido para a Itália. Por suas atividades, Félix Gasbarra já era considerado, a essa altura, persona non grata na Alemanha nazista. Longe do nazismo, mas bem perto da guerra, Doris presenciou em setembro de 1943 o bombardeio aliado à cidade de Frascati, onde residia com as filhas.

A primogênita, Livia, foi a primeira a mudar-se para o Brasil e em 1948 foi a vez de Doris vir para o país com a filha Claudia. Elas passaram a viver no Rio de Janeiro, onde logo Doris foi reconhecida como grande artista. A primeira grande exposição aconteceu no final de 1950, na sede do Ministério da Educação, no Rio de Janeiro. Inaugurado em 1943, o prédio é um marco da arquitetura moderna brasileira, tendo sido projetado por uma equipe composta por Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Affonso Eduardo Reidy, entre outros, sob consultoria do franco-suíço Le Corbusier. Com essas credenciais, a galeria do Ministério da Educação, onde expôs Doris Homann, foi duramente muito tempo a mais badalada na capital fluminense.

Muitas outras exposições e premiações ocorreriam e uma das últimas, em 1967, foi na Galeria Cristalpa, em Copacabana, como parte das homenagens a Herbert Moses (1884-1972), que encerrava seu longo mandato na presidência da Associação Brasileira de Imprensa. A apresentação da exposição teve a assinatura do presidente da ABI, jornalista e crítico de arte Celso Kelly, que resumiu sobre a artista: "A pintora Doris Homann Gasbarra já acumulou uma significativa obra plástica, exercitando a pintura nas mais variadas técnicas e revelando a segurança no métier, ao lado de sua vocação para o experimental e para o ilustrativo. Em algumas realizações, ainda se sente a presença do naturalismo, ao largo de generosas interpretações. Em outras, está na vizinhança da abstração e da decoração. Numas e noutras, a composição é balanceada, as cores estranhas e harmoniosas, os ritmos bem desenhados. Não será demais reconhecer aqui e ali uma tendência surrealista. Em tudo, porém, a marca da artista se verifica na força inegável de seu talento."

O talento de Doris Homann será agora finalmente conhecido do grande público de Campinas e região metropolitana, na exposição que tem vernissage no dia 13 de agosto, às 19 horas, na Ligia Testa Espaço de Arte, no Taquaral. Oportunidade única para o acesso à produção e biografia excepcionais da artista que tão bem representou as duras marcas de seu tempo.


SERVIÇO

EXPOSIÇÃO DORIS HOMANN: A Pintura da Condição Humana

Vernissage em 13 de agosto, às 19 horas

Exposição: até 13 de setembro, com agendamento

Ligia Testa Espaço de Arte – Arqtus

Avenida Dr.Heitor Penteado, 1611, Parque Taquaral, Campinas

Informações: (19) 99792.7221

As pinturas fortes de Doris Homann, com tinturas expressionistas, críticas e sociais, refletem sua preocupação em retratar a fragilidade da condição humana e denunciar as injustiças. É esse legado singular que o público de Campinas e região terá oportunidade de ver pela primeira vez.