Fofoca no escritório - Coluna "Sua Carreria" por Marcelo Veras

Se fala para você, pode ter certeza que fala de você

 

Desde o meu primeiro emprego (o qual foi como professor) uma coisa sempre me incomodou por onde passei. Refiro-me àquelas rodinhas de pessoas no ca, “tricotando” e falando (geralmente mal) de outras pessoas, as chamadas rodas de fofocas. Além de uma perda de tempo enorme, porque enquanto fofocam deveriam estar produzindo para a empresa que paga seus salários, sempre achei essa postura uma total falta de caráter. Falar mal de outra pessoa pelas costas é muito pequeno. É tarefa de gente muito pequena. Mas, como pude identificar esse "vírus" existe em todas as empresas por onde passei. É terrível, mas essa prática lamentável e essas pessoas sempre existem. Parece que cada empresa tem que cumprir uma cota “social” e ter alguns fofoqueiros contratados. Como eu não tinha (nem tenho até hoje) poder ou uma fórmula mágica para sumir com essa gente, tratei de ficar longe delas, sempre e o máximo possível. Tenho uma solução simples para isso: toda vez que alguém começava a falar comigo sobre outra pessoa, com uma clara intenção de falar mal, eu me afastava. Assim, fui deixando claro que fofoca não era comigo. Quem quisesse um cliente para suas fofocas, fosse procurar outro, não a mim.

Depois de anos aprendi uma coisa bem interessante. Cabe aqui até uma analogia sobre as discussões a respeito do comércio de drogas ou de produtos piratas. Se alguém vende, é porque alguém compra. Simples assim. Se não houvesse consumidores para produtos piratas, não haveria produtos piratas. Esta analogia vale para as fofocas. Se elas existem, é porque alguém quer ouvi-las, concorda? Creio que sim. Portanto, a fofoca tem “mercado”, ou seja, existe um grupo de pessoas que dá ouvidos e que, portanto, alimenta o apetite dessa gente que não tem coisa melhor para fazer.

Partindo desse pressuposto, sempre que assumi uma equipe, fiz questão de deixar claro que não gosto de fofocas, não quero saber de fofocas e que toda comunicação deve ser pessoal e direta, principalmente quando o assunto for relações no trabalho. De uma certa forma, creio que consegui, com esta clareza e assertividade, criar ambientes onde as pessoas estivessem focadas no trabalho e se apoiando mutuamente. Quem já trabalhou comigo pode atestar que fofoqueiros não duravam muito ao meu lado. Por mais competentes que fossem, acabam fora.

Hoje trago este tema porque a falsidade tem se mostrado um grande mal, nas relações pessoais e, principalmente, nas relações profissionais. Fico impressionado com algumas situações que me descrevem ou vejo. Exemplo, uma pessoa desliga o telefone após uma conversa com um colega de trabalho e comenta algo maldoso com o colega do lado: - Não suporto gente burra! Olha o que fulano disse... E faz isso com tanta naturalidade que nem percebe o tamanho do erro que está cometendo.

Hoje tenho um grande desafio profissional. Algo que me motiva muito, até porque para alguns é uma missão impossível neste mundo tão competitivo. Quero desenvolver na minha equipe uma cultura de companheirismo. Quero que a falsidade, as tentativas de “puxada de tapete”, a maledicência e a competição insana sejam substituídas pela reciprocidade, pelo apoio mútuo, pelo desejo genuíno que o outro tenha sucesso, pela amizade e construção coletiva.

Quero isso por várias razões. Porque acredito que os resultados serão melhores, os processos mais eficientes, mas, principalmente, porque as pessoas trabalharão melhor e serão mais felizes. Pretendo fomentar este ambiente de forma muito intensa, principalmente dando o exemplo. Quero que as pessoas saibam que ninguém cresce sem apoio e sem relações ganha-ganha. Não é sinal de fraqueza pedir ajuda ou aceitar ajuda. “Compaixão é fortaleza”, como dizia Renato Russo.

Recomendo que você pense um pouco a respeito deste tema e forme a sua opinião. Como dica inicial, recomendo que comece se afastando de pessoas fofoqueiras e, é claro, não sendo uma delas. Fique longe dessa gente, até porque é importante você saber de uma coisa: Se falam de outras pessoas para você, pode ter certeza que falam de você também. Até o próximo!

 

Sexo no escritório - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

Quase sempre alguém sai com a imagem destruída

 

Vinho tinto não combina com churrasco. Peixe não combina com ketchup e pizza não combina com feijão. Por quê? Simplesmente porque não há harmonização ou um acaba roubando o sabor do outro. Assim é a vida. Algumas coisas podem conviver e outras não. Para isso, existe a palavra disciplina, e outra melhor ainda: renúncia. A capacidade de fazer uma escolha e, por consequência, abrir mão de coisas. As pessoas que não sabem fazer renúncias, ou que se desconcentram e acabam misturando coisas que não deveriam se misturar, geralmente pagam um preço bem alto.

Recentemente uma ex-aluna me chamou para conversar. No nosso papo, confessou-me, com lágrimas nos olhos, que teve um caso com o chefe (casado, diga-se de passagem) e que agora estava com um grande problema nas mãos. Contou-me a história complicada com mais detalhes e me pediu aconselhamento. A relação começou como começam essas coisas: através de atração física, indiretas, elogios, almoços frequentes até o esperado patamar: a cama. Até aí, tudo “bem”(aspas duplas na palavra bem). O único detalhe que transforma esta história em algo bem mais difícil de se resolver é que, não se sabe como, várias pessoas da empresa ficaram sabendo. Várias mesmo. Pares e outros superiores dela. Ah, um detalhe, ela está em fase inicial da carreira e sempre fora vista com bom potencial de crescimento na corporação. Bom, A história correu de tal maneira que ela flagra no olhar das pessoas o julgamento que fazem dela e, pior: vários outros adjetivos que aqui não poderiam ser citados. 

O fato ocorreu uns seis meses antes da nossa conversa e isso se transformou em um pesadelo para ela. Segundo relatou, de lá pra cá, ela sente que a coisa mudou. As pessoas mudaram com ela. Vários projetos nos quais poderia ter sido envolvida passaram do seu lado sem dar um alô e ela percebe que os elogios profissionais (merecidos, tanto antes do fato como agora) minguaram. Em relação à sua dedicação e ao seu comprometimento, nada mudou. Ela segue com a mesma pegada forte e com seu talento sendo aplicado na empresa. Mas lhe parece que ganhou uma nuvem cinza que sempre vai à sua frente.  A sua pergunta para mim foi clara e direta, como sempre gosto: - A minha carreira nesta empresa acabou? A minha resposta não poderia fugir ao pragmatismo da pergunta (nem ao meu!): - Sim, acabou. Deixo claro que a minha resposta seria a mesma se fosse um homem.

Eu já perdi as contas, ao longo dos meus 25 anos de estrada profissional, de quantas histórias como esta acabaram mal, ou para os dois envolvidos ou para um deles (normalmente a mulher, pois o machismo ainda impera, infelizmente). Tenho escrito muito sobre os cuidados que devemos ter com a nossa imagem profissional. Das inexoráveis festas de final de ano, que aliás estão chegando, aos posts em redes sociais, passando por fofocas ou compartilhamento de informação de fonte duvidosa, e por aí vai. A quantidade de coisas que podem manchar a nossa imagem profissional é muito grande. Tenho sempre dito que as pessoas que querem crescer e que são competentes e ambiciosas, devem redobrar a atenção, pois se estão na vitrine serão mais ainda cobradas por posturas corretas e adequadas aos ambientes profissionais. Juro que não entendo como tanta gente talentosa consegue se atolar por causa de bobagens ou aventuras tão efêmeras.

Não sou nada, absolutamente nada, contra uma pessoa se apaixonar por outra no ambiente profissional. Isso pode acontecer e, de fato, acontece todos os dias. Se este fosse o caso, e ambos oficializassem uma relação e ponto, tudo bem? Mas aventuras sexuais definitivamente não combinam com ambiente de trabalho, muito menos com superiores diretos (e casados). Não dá. Juro que não vi até hoje um caso como este ser esquecido e a “vitima”, seja lá quem for, recuperar o seu status anterior. 

O meu conselho para ela? Trabalhe com a sua rede de contatos e busque oportunidade em outra empresa, siga a vida e lá procure acertar bastante e cometer outros erros, mas este nunca mais. Até o próximo!

Marcelo Veras

 

Diretor Acadêmico na Inova Business School.  Vice Presidente de Trainning & Education da AYR Worldwide - Consultoria de Inovação. Professor deEstratégia e  Planejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos.Contatos: marcelo.veras@unitaeducacional.com.br.
Contato: (011)98435-0011 ou (011)99482-3333
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