Depressão Pós-parto - Coluna Ginecologia e Obstetrícia por Dra. Luciana Radomile

É grande o número de mulheres que se queixa de certa tristeza e irritabilidade depois que dão à luz. A criança nasceu perfeita, com boa saúde, o pai está feliz, os avós também. Nada aconteceu de errado, elas voltam com o bebezinho para casa, onde tudo foi preparado para recebê-lo, mas são invadidas por uma espécie de melancolia que não sabem explicar.

Se esse sentimento for passageiro e desaparecer em alguns dias, não há motivo para preocupação. Seu organismo passou por verdadeiras revoluções hormonais nos últimos tempos que podem ter mexido com o sistema nervoso central.

Mas há mulheres em que a tristeza aparece algumas semanas depois do parto, vai ficando cada vez mais intensa a ponto de torná-las incapazes de exercer as mais simples tarefas do dia a dia, e elas passam a demonstrar desinteresse por tudo que as cercam.

No passado esses sintomas não eram valorizados; ninguém falava em depressão pós-parto. Os transtornos de humor eram considerados traços da personalidade feminina. Sem diagnóstico nem tratamento adequado, ou a doença se resolvia espontaneamente ou tornava-se crônica.

Principais sintomas

Os sintomas e sinais de depressão pós-parto podem surgir logo após o parto, até um ano após o nascimento do bebê, ou ainda durante a gravidez, e geralmente incluem:

 Tristeza constante;

 Choro excessivo;

 Alterações de humor;

 Sentimentos de culpa;

 Baixa auto-estima;

 Cansaço excessivo;

 Dificuldades de se relacionar com o bebê;

 Medo de não conseguir ser boa mãe;

 Irritabilidade;

 Perda de apetite;

 Sentimento de vergonha;

 Ansiedade;

 Falta de prazer nas atividades que gostava;

 Pensamentos de prejudicar o bebê e si mesma;

 Pensamentos suicidas;

 Insônia.

Quanto tempo dura a depressão pós-parto?

A depressão pós-parto pode começar logo após o nascimento do bebê ou até 1 ano após o parto, podendo durar de duas semanas até alguns meses se não for diagnosticada e tratada adequadamente.

Tratamento

O tratamento deve ser composto por psicoterapia e medicação associada, se necessário. Sabemos que fragilidades psíquicas e sociais aumentam a incidência de manifestações depressivas. Problemas financeiros, gravidez solitária, gravidez adolescente e em mulheres mais velhas, antecedentes psiquiátricos, interrupção de tratamentos prévios, baixo suporte social e familiar e questões relacionadas ao bebê podem contribuir para a depressão. É importante oferecer apoio e procurar ajuda de um médico.

Quanto mais cedo você começar o tratamento, melhor será a sua chance de uma recuperação rápida e completa Qual o papel da família no contexto de uma depressão pós-parto?

A família tem papel fundamental nesse momento também. O nascimento de uma criança incide sobre um núcleo familiar; a sensação e experiência de solidão e desamparo podem provocar uma identificação com a condição de desamparo estrutural da criança e interferir na forma de vinculação em construção.

A família também contribui para reconhecer quais sinais mais acentuados se mantêm na mulher. Devem sinalizar e ajudá-la a buscar ajuda, bem como a garantir uma rede de apoio que dê suporte à mãe e ao bebê nesse momento.

Acolhimento sem julgamento, colaboração sem cobranças, garantir um período efetivo de descanso, facilitar o cuidado e o contato entre mãe e bebê, são algumas das funções que a família poderia desempenhar.

Dra. Luciana Radomile

Coluna Ginecologia e Obstetrícia

 Médica Formada pela Faculdade de Medicina da PUC Campinas, Especialização em Ginecologia e Obstetrícia na Unicamp. Membro da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia ( Febrasgo). Título de especialista em Ginecologia e Obstetrícia TEGO- Contato: (19)993649238, dralucianaradomile@gmail.com