A mão invisível - Coluna Economia e Comportamento por Tatiana Belanga Chicareli

Hoje muito se fala sobre o liberalismo econômico. Pretendo então, apresentar uma referência de suma importância, Sr. Adam Smith, pai da economia moderna considerado um dos mais importantes teóricos, senão o mais, do liberalismo econômico.

Adam Smith foi um filósofo e economista britânico, nascido na Escócia em 1723, morreu na cidade de Edimburgo em 1790. Autor de “Uma Investigação sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações”, a sua obra mais conhecida, e que continua sendo usada como referência para gerações de economistas.

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A tal da “mão invisível” é o ponto mais comentado e talvez marcante de sua obra. Porém, vale lembrar que o conteúdo é muito mais que isso. Mas voltando a tal “mão invisível”, o termo não tem nada de sobrenatural, muito menos religioso. Ele apresenta fatos que o levavam a crer que o mercador e/ou comerciante, ao buscar maximizar o próprio interesse, estaria (mesmo sem estar ciente) contribuindo para o bem-estar da Nação como um todo. É como se este, movido apenas por interesse próprio, fosse levado por uma “mão invisível” a promover algo em favor de toda sociedade.

Muito interessante, e certamente desperta alguma curiosidade. Vale a pena lembrar, no entanto, que o pensamento liberal não se restringe a isso. Este muito evoluiu ao longo do tempo assim como teve combatentes ferozes.

Uma crítica, das mais interessantes, pode ser vista no filme sobre a vida do John Nash (1928-2015), matemático que sofria de esquizofrenia, “Uma mente brilhante, 2001”. Em uma cena no bar, com seus amigos, Nash descobre que Adam Smith necessitava de revisão. Lá estão presentes 4 mulheres, sendo uma delas estonteantemente mais bonita que as outras.  Seus amigos pensam a mesma coisa, disputarão a atenção dela para ver qual se sairá melhor, e por ela acompanhado. Enquanto isso Nash pensa que se todos forem galantear a mais bonita, as outras se sentirão rejeitadas e não aceitarão uma abordagem, pois ninguém gosta de ser segunda opção.

Desse modo, pensando como Adam Smith, a maioria não sairá ganhando, somente o vitorioso do “investimento” com a mais bonita. Porém, se ele e os amigos forem diretamente galantear as amigas menos bonitas (e parte do princípio que elas sabem que são menos atraente que a amiga), elas se sentirão especiais e há maior chance de sucesso. Adam Smith disse que o melhor resultado acontece quando todos em um grupo fazem o melhor para si próprios, nesse caso Nash prova ao contrário: os 3 amigos podem sair acompanhados de 3 mulheres, sobrando a mais bonita, resultado melhor que 1 amigo e a mais bonita como casal, sobrando 3 amigas e 2 dois amigos frustrados.

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Tatiana Belanga Chicareli

Coluna Economia e Comportamento

Economista formada pela PUC-Campinas, Mestre em História Econômica pela UNESP, doutora em Desenvolvimento Econômico (História Econômica) pela UNICAMP. Pesquisadora na área de Econômica comportamental e Narrativas Econômicas, com foco no período da Grande Depressão. Escreve sobre economia, escolhas, livros e comportamentos. Email: tatiana.chicareli@gmail.com