Bares e restaurantes projetam 50% de crescimento com festas de final de ano e Copa do Mundo

Bares e restaurantes projetam 50% de crescimento com festas de final de ano e Copa do Mundo

As festas de final de ano – eventos corporativos, confraternizações e ceias –, somadas à Copa do Mundo, devem dar um grande impulso para os restaurantes e bares da área de atuação da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) Regional Campinas nos dois últimos meses do ano. Levantamento da entidade junto aos associados de 50 cidades do Interior de São Paulo aponta para uma alta 50% no movimento na comparação com os meses normais. A forte demanda também vai resultar na geração de cerca de 12 mil vagas temporárias nos meses de novembro e dezembro.

 

De acordo com a Abrasel Regional Campinas, as festas de final de ano representam o período mais importante do ano para o setor de alimentação fora do lar, superando os dias dos Namorados e das Mães em volume de vendas. “Neste ano, os dois últimos meses vão ser ainda mais fortes em decorrência de um evento fora de época, como a Copa do Mundo, somando dois fatores importantes para o setor”, explica Matheus Mason, presidente da Abrasel Regional Campinas. “A estimativa de 50% no aumento das vendas é uma média de todo o setor, sendo que em vários estabelecimentos este índice poderá até dobrar, dependo do tamanho e estrutura de cada restaurante ou bar.

 

A forte demanda esperada vem acompanhada da contratação de mão de obra temporária. “Cerca de 12 mil empregos temporários para garçons e pessoal de cozinha, que representam 30% do quadro de pessoal do nosso setor, deverão ser gerados nos 50 municípios de nossa base de representatividade para dar conta do atendimento ao público dentro das casas e na preparação de ceias e encomendas”, explica.

 

André Mandeta, proprietário do Bar Candreva, em Campinas e Valinhos, estima um aumento de público e vendas nas casas em novembro e dezembro. “As festas de final de ano por si só já levam um público maior, mas com a Copa a expectativa dobra”, afirma. “Já estamos selecionando 15 funcionários temporários para dar ajudar em toda a operação e atendimento ao público.”

 

O setor de alimentação fora do lar é um dos mais importantes para a economia. Somente na Região Metropolitana de Campinas este segmento conta com cerca de 43,3 mil estabelecimentos em funcionamento. Ele é um dos maiores geradores de empregos, com mais de 60 mil postos de trabalhos diretos – e outros milhares de indiretos -, número expressivo e importante para a economia regional, que a exemplo do País, passa por um momento de crise de desemprego.

 

“Teremos dois grandes eventos ao mesmo tempo neste ano, que são o final do ano e a Copa do Mundo, algo totalmente diferente para os setores de restaurantes e hotéis”, diz Eduardo Porto, diretor de Marketing e Vendas da Rede Vitória Hotéis. “Por isso a expectativa do grupo é bem superior neste ano na comparação com o ano passado, quando vínhamos de uma retomada dos negócios”, acrescenta. “Por conta desse cenário novo, já os antecipamos nas preparações”.

 

O empresário Edward Bilton, dono do restaurante Floresta Cultura, também está otimista. Mesmo sendo o primeiro ano da casa a receber as festas de final de ano e Copa do Mundo, ele projeta uma demanda de 50% sobre os dias normais de funcionamento. “Tanto que investimos cerca de R$ 500 mil somente em equipamentos para estes eventos e vamos esperar até o meio do mês de novembro para ver a necessidade contratações de temporários”.

 

Por conta da demanda de final de ano, quando espera um aumento de pelo menos 20%, Sérgio De Simone, proprietário do Rancho Colonial Gril, já contratou 9 temporários, sendo cinco para a unidade do Parque Industrial e quatro no Campinas Shopping. “Contratamos com um mês de antecedência para treinar a equipe e deixar tudo pronto para novembro”, conta.

A mania do crescimento - Coluna Economia e Comportamento por Tatiana Chicareli

O tema globalização e crescimento econômico tornou-se parte integrante da vida cotidiana. Embora alguns sejam ainda céticos, a desaceleração do crescimento parece inevitável. Seja devido ao apoio do mercado local ou às pressões da mudança climática, espera-se que a economia cresça mais lentamente.

O fundador da economia, Adam Smith, declarou em seu livro "A Riqueza das Nações" que a economia funciona melhor quando há um ambiente de mercado livre. Isto significa que o governo não intervém direta ou indiretamente nas trocas econômicas. Além disso, em seguida a Adam Smith, David Ricardo escreveu que cada país deveria produzir o que traz consigo como uma vantagem comparativa. Seu exemplo é o comércio internacional entre Portugal e a Grã-Bretanha. Naquela época, a Grã-Bretanha estava avançada na indústria têxtil e Portugal era conhecido por sua produção de vinho do Porto. Na melhor das hipóteses, Portugal não deveria investir na produção têxtil, mas vender sua produção de vinho para comprar tecidos britânicos.

Adam Smith e David Ricardo são considerados os fundadores do liberalismo. O que estamos experimentando hoje não é puro liberalismo, mas o que é chamado de neoliberalismo. Desde Adam Smith, outros pensadores econômicos também se manifestaram, incluindo Keynes, que defende uma forte intervenção do Estado na economia, especialmente em tempos de crise. Mas o que tudo isso tem a ver com a globalização e a produção local? Simplesmente tudo.

É inconcebível e insustentável que a economia cresça infinitamente. Numerosos economistas já escreveram sobre isso. Keynes, Kalecki e Schumpeter tratam do conceito dos ciclos econômicos em seus estudos. O fato é que sempre haverá crises e depressões (recessões) na economia. Pode-se dizer que a economia não tem um ciclo fixo, mas tem certamente um ciclo em que alguns anos são considerados de crescimento, um pico é atingido e algo se rompe seguindo um período de depressão e, dependendo das ações do governo, a sociedade pode ou não sofrer de uma recessão de longo prazo.

Não se trata aqui de discutir teorias econômicas, sejam elas liberais ou intervencionistas. Além do conceito que o liberalismo trouxe, a globalização, que inclui cadeias de abastecimento e divisão do trabalho, a produção parece ser até bem-sucedida em um mundo globalizado. Mas a questão é, até quando? Até uma nova crise, seja ela de cunho financeiro, pandêmico ou relacionado a atritos entre nações, ecloda.

Em resumo, se o mundo deve ser globalizado ou não, se o Estado deve intervir ou não, somente uma coisa é certa: o crescimento infinitamente sustentável é impensável. Será que finalmente vamos começar a pensar uma saída para a mania de crescimento? É possível um mundo, um sistema onde o crescimento não seja uma constante necessária?

 Tatiana Belanga Chicareli

Coluna Economia e Comportamento

Economista formada pela PUC-Campinas, Mestre em História Econômica pela UNESP, doutora em Desenvolvimento Econômico (História Econômica) pela UNICAMP. Pesquisadora na área de Econômica comportamental e Narrativas Econômicas, com foco no período da Grande Depressão. Escreve sobre economia, escolhas, livros e comportamentos. Email: tatiana.chicareli@gmail.com