O impacto das pandemias na Arquitetura! Coluna Arte/Fotografia e Design por Mônica Fraga

A tuberculose foi a causa da morte de muitas pessoas no final do século XIX e início do séc XX na Europa.

Durante décadas tentando descobrir a causa, em 1882 Robert Kock descobriu que a bactéria era infecciosa e sobrevivia aos lugares mais escuros e úmidos, portanto, o sol, ar limpo e repouso eram indicados para auxiliar no tratamento. Mais tarde descobriram que as casas também estavam “enfermas”. O protocolo era eliminar cortinas, tapetes, abrir as janelas...

As escolas ao ar livre foram criadas na Europa em função das pandemias, e foram chamadas de escolas anti-tuberculoses. Foram desenhadas para prevenir e combater uma pandemia.

Em função disso, os grandes arquitetos da época: Le Corbusier, Ludwig Mies van der Rohe, Walter Gropius, Alvar Aatto se lançaram a desenhar edifícios brancos, hospitais com grandes janelas, sanatórios com enormes terraços e mobiliário com design aerodinâmico, nascendo assim a Arquitetura Modernista.

Segundo Le Corbusier as casas deveriam ser levantadas do solo com pilotis para evitar a umidade que favorecia a enfermidade. Os azulejos e paredes claras e lisas se popularizaram, porque permitiam que a sujeira aparecesse favorecendo a limpeza.

Os modernistas queriam criar ambientes curativos, limpos, físico e simbolicamente. Os móveis também passaram por uma reforma sanitária. Os desenhos minimalistas utilizavam materiais laváveis e formas aerodinâmicas, mais fáceis de limpar e que dificultavam que insetos se escondessem.

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Naquela época lavar as mãos e limpar as casas não eram costumes. Foi com a descoberta das bactérias que a compreensão sobre higiene passou a ser difundida.

A idéia do lavabo também surgiu para não ter de compartilhar o banheiro com visitas e pessoas “estranhas”. Então um banheiro na entrada da casa era conveniente, além de ter uma pia para higienizar as mãos.

A cólera, no séc XIX, também era transmitida e ao ser descoberta sua causa implicou numa série de reformas de infraestrutura sanitária em grandes cidades como Londres, Paris, Barcelona, etc.

A pandemia do Covid-19 que estamos enfrentando reflete o quanto os hospitais não foram desenhados para evitar enfermidades de alto contágio.

O distanciamento social propõe uma adaptação nos espaços públicos.

Não sabemos ainda os reais impactos e mudanças que ocorrerão na arquitetura e design de interiores. Talvez pias ao lado das entradas principais, local para deixar os sapatos e roupas deverão ser pensados, ou até mesmo uma entrada secundária que leve diretamente a um banheiro para que possa ser feita a higienização sejam requisitos obrigatórios.

Com isso a Arquitetura e Urbanismo voltam a tomar o protagonismo na luta de uma pandemia.

“A arquitetura é um estado de espírito e não uma profissão!”

Le Corbusier

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Mônica Fraga

Arte, Fotografia & Design

Designer de Interiores pela Arquitec., Fotógrafa pelo Senac São Paulo. Curso de História da Arte com o crítico de Arte Rodrigo Naves, Curso de História da Arte Brasileira e Modernismo ao Contemporâneo no MASP, Curso sobre as Mulheres na Arte, no Adelina Instituto e Arte que Acontece, em São Paulo. Instragram: @monicafraga Email: monicabmfraga@gmail.com Twitter: @monicafraga27