Vitiligo em crianças - o que você precisa saber - Coluna Pediatria por Dra. Carolina Carafiori de Campos

Nos últimos dias, a participante do BBB 22 Nathália Deodato, de 22 anos , mostrou ser portadora de uma doença de pele chamada VITILIGO.

Muitas dúvidas surgiram, pois Nathália contou as primeiras marcas na pele surgiram aos nove anos de idade.

A doença é crônica , não transmissível e caracteriza-se por uma despigmentação da pele, com perda de melanócitos ao exame histológico ( microscópio ).

Acontece uma destruição dos melanócitos , que são as células responsáveis pela produção de MELANINA , a qual dá cor a nossa pele . Essa destruição provoca a diminuição progressiva até ausência dos melanócitos na epiderme.

O vitiligo apresenta manchas brancas (despigmentadas) nítidas, bem delimitadas que aprecem em qualquer localização da pele; as manchas podem ser ovais, arredondadas ou lineares, não apresentam  sinais inflamatórios na pele ao redor e nem descamação. Os pelos nos locais das manchas podem ficar brancos (leucotriquia).

É comum acontecerem ciclos intermitentes de despigmentação e de estabilização das manchas e esses ciclos podem ser desencadeada por fatores emocionais ou problemas no sistema imunológico.

Em áreas mais expostas ao sol, a doença se apresenta de forma mais intensa, como rosto e mãos, por exemplo. Pode ser desencadeada por fatores emocionais ou problemas no sistema imunológico.

Não se sabe a causa exata do Vitiligo, mas parece ser multifatorial, com características genéticas e autoimunes.

O pico de incidência da doença acontece na segunda e terceira década de vida , mas pode iniciar em qualquer idade, sendo que um tipo específico de Vitiligo, chamado segmentar,  costuma surgir em pacientes mais jovens (entre 10 e 30 anos).

Na forma segmentar, a região afetada é uma região enervada por determinado ramo neural e geralmente a mancha branca fica restrita à esta área.

Outra forma comum em crianças é a FOCAL  , em que uma, duas ou poucas manchas se concentram em alguma região do corpo, formando uma área pequena e isolada de Vitiligo.

Se você encontrar alguma mancha branca no seu filho procure um médico dermatologista para avaliá-lo, pois o  diagnóstico do Vitiligo é eminentemente clínico e existem outras doenças de pele e que também provocam despigmentação da pele.

O diagnóstico deve ser rápido e o tratamento instituído rapidamente, pois ele é mais eficaz em lesões de início recente, com melhor controle da doença e da repigmentação.

O tratamento envolve conter a progressão da atividade da doença (gerar estabilidade) e repigmentar a área despigmentada.

Ele deve ser avaliado individualmente , mas em crianças geralmente ele é feito com corticosteróides tópicos ou imunomoduladores tópicos.

Esses medicamentos devem ser administrados com muita cautela, e indicados somente pelo médico , devido a seus efeitos colaterais sobre a pele, principalmente em relação ao surgimento de atrofia ou estrias.

A fototerapia focal (como os lasers) também podem ser aplicados no local da mancha protegendo a área ao redor da mancha.

Além dos procedimentos específicos para conter o avanço da doença, há um cuidado básico que vale para todos os pacientes: o uso de protetor solar, de preferência um filtro solar específico para crianças, com fator de proteção em torno de 50 , além de evitar a exposição dos filhos ao sol em horários de pico (entre 10h e 16h), fazer uso de bonés e roupas com filtro solar, principalmente em praia e piscina.

Um acompanhamento multidisciplinar é fundamental tanto para a criança, como para os pais; esse tratamento deve envolver o dermatologista, o pediatra e o psicólogo , pois na maioria dos casos as manchas tem algum tipo de efeito psicológico nas crianças , além de contribuir para o bullying e outras atitudes que causam impacto negativo na vida das crianças.

O acompanhamento também ajuda os pais na ansiedade da doença e na maneira de encarar com as crianças o vitiligo, da maneira mais natural possível, pois, apesar dos cuidados com o sol, a criança pode e deve ter uma vida normal.

Carolina Calafiori de Campos

Coluna Pediatria

Dra Carolina Calafiori de Campos - CRM 146.649 RQE nº 73944 

Médica Formada pela Faculdade de Medicina de Taubaté, Especialização em Pediatria pelo Hospital da Puc Campinas, Especialização em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital da Puc Campinas, Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria - Contato: carolinacalafiori@hotmail.com