Quindim, o doce português, africano e brasileiro, na versão low carb - Coluna Gastronomia por Chef Alê Lembo

O quindim é aquele doce que você ama ou odeia. Não há meio termo, e no meu caso, eu amo! Não sou muito fã de doces, mas raramente recusei um quindim belo e bem amarelinho. Aliás, a cor acentuada e o brilho da calda são requisitos fundamentais aos amantes desse doce. Logo, aqueles mais branquelos, normalmente das padarias de supermercados, na minha opinião, deveriam receber outro nome.

 

O significado da palavra quindim tem tudo a ver com a apresentação desta sobremesa: dengo, graça, meiguice, e ele não surgiu de um acidente culinário, mas sim de mãos muito criativas. A sua história começou nos conventos de Portugal, e terminou aqui no Brasil, derivado de uma grande miscigenação: ele tem raízes portuguesas, foi elaborado e batizado por africanas em solo brasileiro. Conta-se que nos conventos de Portugal, por volta da época da colonização do Brasil, as freiras usavam claras de ovos como base para engomar suas roupas. Considerando um grande desperdício descartar as gemas, por motivos óbvios, elas foram para cozinha e criaram diversas receitas entre elas o doce Brisa-do-lis. O novo doce caiu nas graças dos portugueses e era feito de uma receita a base de gemas (ou ovos inteiros), açúcar e amêndoas.

 

Quando os portugueses vieram colonizar o Brasil, trouxeram consigo os costumes e as receitas que mais gostavam, entre elas a Brisa-do-Lis. Porém, a ausência das amêndoas inviabilizou a produção do doce. As escravas africanas decidiram então aproveitar outro ingrediente que existia em abundância nas terras brasileiras: o coco. A receita foi aprovada e assim nasceu o quindim, das habilidosas mãos das escravas africanas, que adaptaram a receita lusitana para o solo brasileiro.

 

Em forminhas pequenas chama-se quindim, em formas grandes quindão, e a escolha será sempre sua, porque a receita é a mesma. Eu trouxe a versão low carb, com xilitol em substituição ao açúcar, mas você utilizar o açúcar demerara na mesma quantidade de xilitol da receita, para obter o mesmo resultado. Ela rende seis forminhas pequenas, mas dobrando a receita você pode preparar um belo quindão.

 

Quer a versão vegana? Me chama no Instagram: @chefalelembo.

 

Ingredientes:

8 gemas peneiradas (as claras não serão utilizadas nesta receita, mas você pode guardá-las para preparar um suspiro ou um pudim de claras.)

1 xícara de xylitol (ou açúcar demerara)

50g de coco seco ralado (sem açúcar)

75ml de água

1 colher de sopa de manteiga ghee

1 pitada de sal

Gotas de extrato de baunilha a gosto

Modo de preparo: Em um bowl, hidrate o coco ralado com a água. Em seguida acrescente os demais ingredientes e misture bem com a ajuda de um fouet. Unte as forminhas com manteiga ghee e açúcar demerara. Despeje a mistura em cada uma e leve-as para assar em banho-maria, a 220ºC por aproximadamente 45 minutos.

O segredo é desenformar o quindim morno, pois quente pode rachar e frio pode não soltar (nesse caso, você pode aquecer rapidamente a base da forminha na boca do fogão).

Alê Lembo

Coluna Gastronomia

Alessandra Lembo Nogueira, a chef Alê, é cozinheira profissional e especialista em alta gastronomia pelo IGA Campinas, com curso de Cuisine pelo Le Cordon Bleu Paris. Trabalha como personal chef e é idealizadora e fundadora da marca Fit Me Saudável e Funcional, uma empresa especializada em produtos Fit, Low Carb e Veganos, sem glúten, sem lactose, livres de açúcar refinado e gordura trans.  Atua como chef consultora e com desenvolvimento de cardápios especializados e personalizados, ministra workshops em diversos locais da cidade de Campinas e região.