O Brasil é o país da impunidade e da roubalheira. Isso não há como negar. Como cantava o Renato do Legião urbana, “Na favela, no senado, sujeira pra todo lado.... Que país é esse? Que país é esse?”. Está difícil acompanhar as notícias sem um saco de vômito na mão. É triste, muito triste ver um país com tantas coisas maravilhosas, muita gente do bem e tanto potencial sendo pilhado por corruptos em todos os níveis da sociedade. A pergunta que sempre me faço é: Será que um dia haverá mudança? Eu ou a minha filha a veremos?
Mas uma coisa temos que concordar – Os tapetes estão sendo levantados. E além da sujeira, que é muita, alguns rostos estão aparecendo e sendo desmascarados. A impunidade é forte, mas não eterna. Como já escrevi aqui neste espaço, “a mentira tem vontade própria”. Não adianta tentar escondê-la. Um dia, quando você menos espera, ela se mostra. A mentira gosta de palco.
Hoje o meu sentimento é um só, e acho que uma boa parte dos brasileiros pensa como eu. Quero mesmo é que todos sejam pegos e sofram as piores consequências pelo que fizeram de mal ao país. Políticos, empresários, profissionais liberais, lobistas, parentes e qualquer outro que tenha conta pra pagar. Que paguem e paguem caro.
Sempre quando penso nisso é inevitável não fazer uma ponte com a vida profissional. Quem já foi meu aluno sabe que abro toda e qualquer conversa sobre planejamento de carreira com uma frase: “A carreira é uma maratona, não uma prova de 200 metros”. No curto prazo, tudo funciona. Puxar o saco do chefe, roubar uma ideia de um colega, puxar o tapete de outro e outras táticas medonhas. Mas no médio e longo prazos só uma coisa funciona: Resultados. Ou seja, a meritocracia está sempre no comando e de olho em todos nós. Cada um colhe o que planta, na vida e na carreira. Depois de 25 anos de estrada e 10 anos estudando o tema, não tenho mais dúvida alguma.
Com a assertividade que me é peculiar, digo sempre aos meus alunos: - Se você não está satisfeito com o que está rolando na sua carreira ou com o rumo dela, a primeira coisa a fazer é olhar para trás e fazer um balanço das suas atitudes, posturas e decisões. Só se for muito cego não vai ver que o que acontece hoje é fruto de decisões (ou indecisões) do passado. É quase matemático.
Entretanto, fazer esse balanço só ajuda a ter consciência da situação, mas não a muda. O que muda o rumo de uma carreira são decisões e ações concretas. E nunca, nunca mesmo, é tarde para fazê-lo. Conheço inúmeros casos de pessoas que promoveram mudanças enormes na forma de conduzir a sua carreira e colheram frutos bem rápido. Basta querer, querer mesmo e, óbvio, colocar os exércitos no campo de batalha.
Pois hoje o que me rouba minutos de reflexão é isso. Sem qualquer conotação religiosa, acredito que o mundo é uma grande conta corrente. Se o saldo está positivo ou negativo, depende dos depósitos e saques que fazemos todos os dias. Sigo sem acreditar em obra do acaso, por mais que respeite as teses que a defendem. Acho que as nossas decisões de hoje moldam o que virá no futuro. E quem achar que consegue sentar no bar, beber e sair sem pagar a conta, vai se pego e vai ter que pagar de qualquer jeito ou com qualquer moeda.
Essa forma de enxergar as relações de causa e efeito me faz ficar atento e me sinto bem assim. Quando a tentação de fazer algo errado me visita, como visita a todos, nunca perco a consciência de que, se aprontar, as consequências virão, mais cedo ou mais tarde. Hoje, mais do que nunca, prefiro não fazer. Isso, pelo menos, me permite colocar a cabeça no travesseiro e dormir em menos de 1 minuto, sem ficar olhando para o guarda-roupas com medo de algum fantasma sair dali no meio da madrugada. Pense nisso e guarde essa frase: “As contas chegam, sempre”. Até o próximo!