Empresas do mundo todo estão convocando seus colaboradores para voltar ao sistema presencial. Seria o fim do home-office?

Pesquisa revelou que o trabalho remoto trouxe queda de 10% a 20% na produtividade dos trabalhadores quando comparado ao trabalho presencial.

Com a  chegada da covid-19, em 2020,  uma nova realidade foi apresentada aos trabalhadores. A doença obrigou funcionários de diversos setores a exercerem suas funções longe do escritório das empresas, em sistema de home-office. Diante do cenário, o que se imaginava para o futuro é que as vagas de teletrabalho seriam plenamente ampliadas para os anos seguintes. Porém, o movimento de retorno aos escritórios tem ganhado força no mercado de trabalho.

Para Leila Santos, coach de líderes e empresas, aquilo que não passava de uma percepção dos empregadores, comprovou-se através de alguns estudos conduzidos ao longo dos últimos 3 anos. “O WFH Research divulgou que  o trabalho remoto trouxe queda de 10% a 20% na produtividade dos trabalhadores quando comparado ao trabalho presencial. Isso mostra que o modelo operacional e de gestão vigentes não estão prontos para um trabalho 100% remoto. Retomar o ritmo de crescimento pós-pandemia é uma prioridade para as empresas, mesmo que isso cause descontentamento no seu quadro de funcionários”, reforça.

De um lado, líderes e empresas querem as pessoas de volta ao escritório. De outro, os funcionários parecem longe de querer o fim da flexibilidade que conquistaram nos últimos anos. Em um estudo da plataforma Fiverr, dois terços dos executivos querem que seus funcionários voltem ao trabalho em tempo integral. Entre as razões estão a de que os funcionários interagindo entre si rendem mais e ficam mais motivados. Para Leila, o estudo faz sentido. “Não acredito que elas estejam menos eficientes porque elas continuam fazendo o que precisa ser feito. Acredito que estejam menos eficazes, menos criativas e inovadoras. Estamos pagando o preço por trabalharmos por muito tempo sem troca, sem interação e sem os estímulos necessários para a construção de aprendizado e conhecimento. Por mais que existam as videochamadas, os grupos de whatsapp, elas não cumprem o papel das interações presenciais”, comenta.

Para Leila, o trabalho presencial cumpre um papel importante no fortalecimento de uma necessidade humana. “Somos seres sociais e é através do convívio que moldamos nossa experiência e evoluímos. Através das interações e dos conflitos inerentes a elas, desenvolvemos o pensamento crítico, a empatia e a liderança. Tarefas e processos podem ser executadas e gerenciadas remotamente, mas não podemos abrir mão dos recursos que apenas o convívio presencial pode trazer”, afirma.

Pensando nos benefícios que o momento presencial e remoto proporcionam para as pessoas e para os negócios, analistas acreditam que o modelo híbrido tenha uma chance de prosperar dentro das empresas. O grande desafio é chegar a um acordo entre a quantidade de dias em casa que é desejada pelos trabalhadores e aquilo que a empresa se dispõe a ofertar. “Os estudos e métricas são muito recentes e ainda temos muito a aprender sobre a efetividade desse modelo. Já sabemos, porém, que promover qualidade de vida e flexibilidade para as pessoas, aumenta a retenção”, explica.

Cada negócio tem necessidades diferentes e não é possível afirmar que exista um único modelo de trabalho que seja melhor do que os outros. Mesmo dentro de uma mesma empresa não é viável aplicar o mesmo modelo para todas as áreas.

“É importante que a empresa avalie ganhos e perdas em cada cenário, levando em conta não apenas os aspectos tangíveis, como produção, resultados, mas também os aspectos intangíveis, como engajamento e retenção de talentos. A transição de um modelo para outro precisa ser executada com maestria para manter a relação ganha-ganha entre empresa e empregados. Para os trabalhadores que já experimentaram o modelo 100% remoto, o ideal é transitar pelo híbrido ao invés de ser obrigado a trabalhar 100% no presencial”, afirma.

 

Sobre Leila Santos

Coach de líderes e empresas há mais de 20 anos, atende clientes com renome no mercado como Grupo WLM, L’Occitane, Grupo Boticário, Sephora, Itaú, Biolab, Pfizer, Roche, Astellas, Ache, AstraZeneca, Farmoquímica, Fitec, Pierre Fabre, Uni2, Gencos, dentre outras. Atua com foco no cliente corporativo, sempre valorizando e investindo em profissionais e empresas que já estão preparados para essa mudança de cultura e mindset. 

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Por que eu me sinto tão cansada na quarentena?

Com ajuda da psicóloga Aline Maués, listamos quais são os motivos que podem causar a sensação de cansaço durante o isolamento social

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Mudanças na rotina, eventos estressores, isolamento social. Mais de três meses se passaram desde o decreto da quarentena e você já deve ter percebido que viver momentos históricos, como uma pandemia, não é tarefa fácil. De repente, parece que a vida saiu do eixo e se adaptar virou uma questão de sobrevivência. “É um contexto desafiador, em que facilmente a gente se sente estressada, angustiada, triste e sem esperança”, explica a mestre em psicologia experimental e especialista em saúde Aline Maués. Dadas as circunstâncias, se sentir extremamente cansada, em tempos tão tensos, é normal. Entenda os porquês: 

A rotina é outra...

... até mesmo para as pessoas que seguem trabalhando fora de casa. “Pode parecer que tudo continua igual, mas existe o medo de se contaminar, de contaminar a família e de perder o emprego. Há o medo de precisar ficar no hospital e não conseguir, ou de morrer. Tudo isso causa estresse e cansaço”, explica a psicóloga. Já para quem está em casa, além de tudo isso, não ter hora certa para dormir, acordar ou para se divertir, também é um problema. "Estabeleça horários, evite o contato com telas luminosas pelo menos uma hora antes de dormir, deixe o ambiente agradável para se deitar e pratique o relaxamento",

O home office é puxado

Trabalhar em casa, para muita gente, é não ter as condições necessárias para se concentrar e exectar algumas funções. “É delicado, você precisa ser produtiva, mas também tem que dividir o espaço com a família, conciliar os afazeres domésticos e mil outras tarefas pendentes”, explica Aline. “Com planejamento, é possível lidar com tudo isso e administrar o estresse, a ansiedade e a procrastinação, três fatores muito cansativos”, pontua. Para isso, a dica é, se possível, dividir espaços, ter onde trabalhar e onde descansar, além, é claro, de reservar um tempo para o autocuidado. 

Falta movimento

“Como a gente se movimenta menos, nosso corpo vai se adaptando a nova rotina e pode apresentar perda de massa muscular, de condicionamento físico e alterações hormonais. Tudo isso pode aumentar a sensação de cansaço", explica. “A dica é criar uma rotina de atividades físicas. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de, semanalmente,150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de atividade intensa, para um adulto”, aconselha.

Precisamos de mais luz do sol

“É a exposição a luz solar que ajuda a regular o nosso ciclo de vigília-sono. Controlado pela melatonina, é ele que nos ajuda a adormecer quando escurece. Ou seja, se não há exposição a luz solar, o hormônio pode ficar desregulado e atrapalhar na hora de dormir”, pontua. Para evitar a insônia e fortalecer a imunidade, com vitamina D, a recomendação da OMS é banhos de sol três vezes por semana, de 15 a 20 minutos, nos horários de menor intensidade da luz. 

"Cansei de mim"

Sim, o cansaço pessoal pode existir em alguns dias e, acredite, também é recorrente do processo de quarentena e de estar se autoconhecendo ainda mais. “Estamos tendo um contato intenso com os nossos sentimentos, com quem a gente é, com o mundo, e com as nossas prioridades e expectativas”, pontua a psicóloga. Por isso, é normal pensar muito e se cansar disso. “A quarentena pode funcionar como um exercício de autoconhecimento e o processo nem sempre é fácil ou agradável e dá trabalho, às vezes dói, mas ajuda.” Paciência.

Atente-se

“Cansaço em excesso pode significar estafa. Se você se sente incapacitada de fazer as atividades diárias, este pode ser um sinal para procurar um profissional de saúde mental. Cuide-se e cuide dos seus. Observe seus comportamentos e, se tiver alterações de sono, extrema redução de produtividade ou não conseguir trabalhar, sentir pânico, estresse, e muita angústia, busque ajuda”, aconselha Aline.

Fonte: https://revistaglamour.globo.com/Lifestyle/noticia/2020/06/por-que-eu-me-sinto-tao-cansada-na-quarentena.html?fbclid=IwAR3Ra9vKp_ZS1LjTBV16EWNDewS-IezXIsS2Za0DhHQ_e3Mo0l3daXf2JjM