O Gambito da Rainha, a série que trouxe o xadrez de volta aos holofotes em 2020

A recém lançada série da Netflix traz destaque ao xadrez e levou termos relacionados ao jogo a um aumento de cerca de 10.000% em suas buscas

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Em outubro de 2020, O Gambito da Rainha, série de drama lançada com exclusividade na plataforma de streaming Netflix, direcionou os holofotes ao xadrez, um jogo que passava despercebido pela mídia mainstream - até agora. 

Na trama da série, a protagonista Beth Harmon (Anya Taylor-Joy) vive em um orfanato e, enquanto lida com seus vícios e se habitua à sua nova realidade como órfã, encontra no xadrez um refúgio, além de descobrir que possui uma facilidade extraordinária para o jogo. 

A narrativa aborda uma série de problemáticas, como o vício em substâncias e o machismo no cenário competitivo do esporte, que não está restrito à ficção, conforme apontado pela campeã brasileira de xadrez, Juliana Terao, durante entrevistas recentes. 

Além dos questionamentos que a série levanta ao decorrer dos seus episódios, seu nome gera uma pergunta unânime entre os que não estão familiarizados com as estratégias do jogo: o que é um gambito? 

Conforme dados disponíveis na plataforma Google Trends, houve um aumento de mais de 10.000% nas buscas dos termos “gambito”, “o que é gambito no xadrez”, “gambito significado”, “gambito xadrez” e “significado de gambito”, apenas para citar alguns exemplos no banco de dados do Brasil. 

De acordo com a Oxford Langages, O gambito é uma “artimanha para vencer o adversário”. No xadrez, é uma jogada em que uma peça é sacrificada com o objetivo de conseguir alguma vantagem sobre o oponente. Esse tipo de jogada também é visto como uma forma de mexer com o psicológico do adversário.

O “gambito da rainha” é uma das formas de abrir uma partida de Xadrez. Esta, de forma simplificada, se inicia com o avanço do peão da rainha e pode resultar na perda de um peão por fins estratégicos. A jogada tem como uma de suas características liberar mais espaço para que o jogador que fez o gambito movimente suas peças. 

Outro termo que sofreu um considerável aumento nas buscas após o lançamento da série foi “Xadrez”, que passou por alguns picos de até 80% em comparação com a média dos meses anteriores. Não dá para negar que a série despertou o interesse sobre o xadrez e pode até ser um incentivo para que o jogo seja jogado ou acompanhado por mais pessoas em todo o Brasil, mesmo que apenas algumas vezes.

Xadrez na atualidade

Engana-se quem pensa que o xadrez é um jogo antigo, deixado no passado. 

O xadrez, assim como outros jogos de importância mundial, originou diversas formas de entretenimento, que fazem sucesso até hoje entre aqueles que acompanham esse nicho esportivo. 

Além da série, que traz o jogo e a realidade do seu cenário competitivo como dois de seus principais pilares narrativos, há diversos campeonatos mundiais disponíveis para assistir em live streams. Quem se interessa por xadrez e apostas também pode unir o melhor dos dois mundos e apostar online. 



Xadrez - tendência absoluta - Coluna Entretenimento por Milena Baracat

O xadrez sempre foi associado ao inverno e nesta temporada ele está com tudo, já que é a grande tendência do outono e inverno 2018.

Existe uma variedade bem grande quanto à padronagem. Veja abaixo alguns e escolha o seu preferido:

 Príncipe de Gales

O xadrez tem muitas variações e todas estão em alta, mas o Príncipe de Gales invadiu o street style e é tendência absoluta neste ano!

 Pied-de-poule

Foi eternizado por Coco Chanel na década de 1930.

 Tartan

É o xadrez mais tradicional e pode ser de muitas cores, mas sua origem vem do xadrez escocês vermelho.

Vichy.

Tem a padronagem da toalha de piquenique, bem simples, em duas cores e foi eternizado por Brigitte Bardot. É o que tem mais a ver com o verão e foi resgatado das cinzas da moda no ano passado.

Burberry

É um xadrez mundialmente conhecido e patenteado nessas quatro cores: bege, branco, preto e vermelho. Foi criado por Thomas Burberry para ser usado no forro dos famosos trench coats, que tornaram da Burberry, uma marca de luxo na década de 1920.

Grid.

Em inglês, grid quer dizer grade, e nada mais é que aquele xadrez que parece que foi riscado à régua em cima do tecido.

Buffalo check

Essa é a padronagem do que ficou conhecido como camisa de flanela dos lenhadores.

Argyle

Consiste em blocos em forma de diamante (ou losangos) sobre um fundo colorido, atravessados por finas listras de cor contrastante. É mais comum em coletes, suéteres e meias, mas não há nenhuma regra que o impeça de aparecer em outras roupagens.

Madras

Surgiu na Índia, na cidade do mesmo nome, atualmente chamada Chennai, e a técnica de sua criação data do final século XIX, quando era feito manualmente, usando tecido de algodão leve e corantes naturais. Trata-se de uma estampa formada por linhas horizontais e verticais de diferentes espessuras e, na sua versão tradicional, por cores vibrantes.

Enfim, não importa qual o seu tipo preferido, a estampa xadrez nunca sai de moda. É um clássico atemporal, lindo e elegante.

Fotos: Reprodução. Pinterest

Milena Baracat

Coluna Entretenimento

Coluna Esportes

Formada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).  Atualmente atua com profissionais  no desenvolvimento, tratamento de acervos, informatização e tecnologia da informação aplicada para bibliotecas particulares e privadas.

A história por trás do padrão xadrez tão usado em roupas e acessórios na Escócia

No Museu Nacional da Escócia, localizado no centro de Edimburgo, um item resume o relacionamento do país com o tartã, o padrão quadriculado há séculos associado com o país. Um casaco com punhos e colarinhos feitos de veludo vermelho não apenas tem estilo como parece confortável para ser usado nos dias de hoje.

Mas trata-se de uma peça com 272 anos de idade.

É o casaco usado por Carlos Eduardo Stuart durante sua tentativa frustrada de reconquistar a coroa britânica para os Stuart, a família real católica britânica destronada no século 17. Os Stuart eram escoceses e - assim como inúmeros escoceses de ontem e hoje, Carlos Eduardo usava o padrão como forma de afirmar sua identidade nacional.

O casaco é apenas um de muitos tesouros que fazem parte de uma exposição sobre o Levante Jacobita, liderado por Carlos em 1745. A exibição lança nova luz sobre a política do conflito, mas não deixa de lado a interessante estética da revolta - em especial a transição do tartã como costume regional para "marca" internacional.

Carlos Eduardo Stuart era neto de James II, o último rei católico da Inglaterra, derrubado em 1688 pelo nobre protestante William III. James fugiu para a França, mas até morrer nunca abriu mão de seu direito ao trono. E, em 1745, Carlos, então o "herdeiro" após a morte do pai (também chamado James) foi para a Escócia tentar formar um exército para lutar com os ingleses e remover do trono George II, o que restauraria a dinastia Stuart.

Apesar de ser descendente de escoceses, Carlos nasceu e cresceu em Roma - e jamais tinha visitado a terra dos antepassados. Mas o casaco com o padrão tartã era um sinal de simpatia perante os "compatriotas". Esse lance de relações-públicas funcionou e retratos do príncipe rebelde foram reproduzidos em toda sorte de objetos, de talheres a caixinhas de rapé - ganhou ainda o apelido de Bonnie Prince Charlie, algo como Carlos, o Bonitão.

De quebra, o garoto-propaganda do movimento Jacobita, como ficou conhecida a campanha pró-Stuart, arrebanhou adeptos suficientes para obter interessantes vitórias militares e marchar de forma triunfal até a cidade de Derby, percorrendo quase metade do território do Reino Unido antes de ser derrotado na Batalha de Culloden.

O príncipe fugiu da Escócia em 1746 e o Reino Unido ainda tem no trono a dinastia protestante que ele falhou em derrubar. Mas, apesar de derrotado nos campos de batalha, o tartã resistiu não apenas na Escócia e ganhou o mundo.

Mas como esse padrão virou uma marca global?

"Estamos falando de um tecido que sempre foi uma marca de distinção", diz Viccy Coltman, professora de História da Arte da Universidade de Edimburgo. "Isso faz parte de sua história".

Depois da Batalha de Culloden, o tecido foi banido da Escócia por ordem real. Mas isso deu ao tartã um certo status cult e, quando a proibição foi suspensa, em 1782, o padrão virou moda. Não era um sinal de apoio ao movimento jacobita, mas sim uma forma de ostentação da aristocracia e de uma emergente classe média.

"O movimento criou uma indústria de vestimentas consideradas relíquias", explica Coltman.

E os maiores compradores eram justamente os escoceses que ajudaram a derrotar Carlos Stuart. Essa apropriação teve seu auge em 1822, quando o rei George 4 visitou Edimburgo e Walter Scott, escritor de romances históricos sobre uma Escócia idealizada e um dos organizadores da visita real, arranjou um comitê de recepção nas ruas da cidade em que o traje era o tartã. Há até um retrato do soberano usando um kilt.

O padrão não era mais ameaçador - e sua suposta reabilitação estava completa.

A rainha Vitória continuou essa apropriação, usando xadrez em fotos oficiais em suas visitas a Balmoral, a residência de verão da família real na Escócia. Antes inimiga, a Escócia, virara destino de férias. O país se tornara uma marca e o tartã era parte integral de sua identidade - o padrão passou a fazer parte de todos os produtos para turistas.

Até o final do século 19 havia apenas algumas variedades do xadrez. Mas a mecanização da produção têxtil possibilitou a produção de imensas variações. Um consumidor com um sobrenome escocês podia escolher um tartã particular, quiçá associado a uma região específica, que depois era vendido para alguém com o mesmo sobrenome.

"Era tudo uma questão de tino comercial", explica David Forsyth, curador da exposição no Museu Nacional da Escócia.

E esse marketing misturado à mitologia criou uma vestimenta nacional.

No final do século, o tartã era muito diferente da vestimenta original do século 18. Feito à máquina em vez de à mão, o material moderno era mais barato e adaptado para todo tipo de usos. Acima de tudo, transformou-se em símbolo de lealdade à supremacia protestante, em vez de um tecido associado à causa católica.

O Império Britânico fez do xadrez um símbolo internacional. Regimentos militares escoceses vestiam o padrão e mercadores britânicos exportaram produtos com a estampa ao redor do mundo. O tartã era exótico, mas ao mesmo tempo familiar. Perigoso, mas respeitável. Você poderia vesti-lo como um outsider, ou um membro do status quo.

Findo o império, o tartã continua em voga. Designers de moda britânicos seguiram usando o padrão como inspiração, que também chegou à moda francesa. No mundo da música, tanto punks como novos românticos usaram tartã. O padrão se tornou tanto uma marca de rebeldia quanto de sofisticação.

"A história é escrita pelos vencedores", diz Forsyth. Mas embora tenha perdido a Batalha de Culloden, Carlos Eduardo Stuart ganhou a guerra da moda.

Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/vert-cul-41908736

Versão em inglês: http://www.bbc.com/culture/story/20170912-why-tartan-is-a-symbol-of-both-rebellion-and-sophistication