Palivizumabe - o que é e qual sua importância na bronquiolite - Coluna Pediatria por Dra. Carolina Calafiori de Campos

Muitos pais se preocupam com a temida bronquiolite, que atinge os bebês , principalmente no outono .

Infelizmente ainda não existe uma vacina contra o principal vírus causador da bronquiolite.

O que temos no mercado é um anticorpo humanizado específico chamado Palivizumabe, o qual age contra o VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (VSR) , o principal causador de bronquiolite.

O palivizumabe não é uma vacina , mas sim um anticorpo monoclonal IgG1 humanizado, que apresenta atividade neutralizante e inibitória de fusão contra o VSR e é indicado para a profilaxia passiva de infecção pelo VSR em crianças menores de 2 anos de idade com risco elevado de doença grave pelo vírus.

Estudos mostram que a administração mensal do palivizumabe durante a sazonalidade do VSR reduz de 45 a 55% a taxa de hospitalização relacionada à infecção por esse vírus e, entre as crianças hospitalizadas, o tratamento prévio com palivizumabe diminui significativamente o número de dias de hospitalização e a necessidade de suplementação de oxigênio.O palivizumabe pode ser usado concomitantemente com as vacinas do calendário rotineiro.

Devido ao alto custo da medicação , foram elaborados critérios para indicação baseados nos FATORES DE RISCO para infecção grave pelo VSR. No Brasil, atualmente , as indicações do Ministério da Saúde são:

1) Crianças menores de 1 ano, que nasceram prematuras, com idade gestacional menor de 29 semanas (28 semanas e 6 dias), mesmo que não tenham doença pulmonar crônica da prematuridade. São crianças de risco elevado por causa de fatores anatômicos e imunológicos .

2) Crianças menores de 2 anos, portadoras de doença pulmonar crônica da prematuridade e que necessitaram de terapêutica (corticosteroides, broncodilatador, diuréticos, suplementação de oxigênio) nos 6 meses que antecedem a sazonalidade do VSR . Essas crianças apresentam as características anatômicas e imunológicas associadas à prematuridade, além de número reduzido de alvéolos, lesão das vias aéreas, inflamação e fibrose broncopulmonar, o que resulta em um risco elevado de bronquiolite grave e insuficiência respiratória durante uma infecção pelo VSR.

3) Crianças menores de 2 anos com cardiopatia congênita, com repercussão hemodinâmica, hipertensão pulmonar grave ou necessidade de tratamento de insuficiência cardíaca congestiva (ICC), pois são crianças que, muitas vezes, não conseguem aumentar o débito cardíaco em resposta a uma infecção respiratória.

Existem outras situações clínicas que também conferem um risco elevado de infecção grave pelo VSR e que devem ser avaliadas individualmente. São elas:

-Síndrome de Down;

-Anormalidades anatômicas pulmonares e doenças neuromusculares;

-Imunodepressão;

-Fibrose cística.

É recomendado uso mensal do Palivizumabe , por no máximo 5 meses , ( ou seja 5 doses ) durante a sazonalidade do vírus ( período de maior circulação desse vírus ) que varia em diferentes regiões do Brasil. A primeira dose deve ser administrada 1 MÊS antes do início da sazonalidade. No Estado de São Paulo a sazonalidade é de março a julho . O Palivizumabe deve ser aplicado de fevereiro a julho . 

Existem efeitos colaterais? Os efeitos são poucos e raros . As reações adversas mais comuns são dor no local da injeção , vermelhidão e febre . Em caso de reações graves o uso é contraindicado. 

Referências:

1. Resch B. Respiratory syncytial virus infection in high-risk infants – an update on palivizumab prophylaxis. Open Microbiol J. 2014;8:71-7.

2. Mejias A, Ramilo O. Review of palivizumab in the prophylaxis of respiratory syncytial virus in high-risk infants. Biologics. 2008;2:433-9.

3. Meissner HC. Viral bronchiolitis in children. NEJM. 2016;374:62-72.

4. Bula do palivizumabe aprovada pela ANVISA. Available from: https://wwwabbvie.com.br/content/dam/abbviecorp/br/docs/BU-09_SYNAGIS_VPS_ JAN15.pdf.

5. American Academy of Pediatrics. Commitee on Infectious Diseases and Bronchiolitis. Guidelines Committee. Update guidance for palivizumab prophy- laxis among infants and young children at increased risk of hospitalization for respiratory syncytial virus infection. Pediatrics. 2014;134:415-20.

6. Marques HH. Considerações da SBP em relação às indicações de Palivizu- mabe em populações de risco. [cited 2015 Jun 10]. Available from: http://wwwsbp.com.br/src/uploads/2012/12/SBP-VRS-2015.pdf.

7. Brazil – Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria n. 522, 13 de maio de 2013. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ sas/2013/prt0522_13_05_2013.html.

8. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Saúde. Medicamentos dos Protocolos e Normas Técnicas Estaduais. Available from: http://www.saudesp.gov.br/ses/perfil/gestor/assistencia-farmaceutica/medicamentos-dos-pro- tocolos-e-normas-tecnicas-estaduais.

Dra. Carolina Calafiori de Campos

Coluna Pediatria

Dra Carolina Calafiori de Campos - CRM 146.649 RQE nº 73944 

Médica Formada pela Faculdade de Medicina de Taubaté, Especialização em Pediatria pelo Hospital da Puc Campinas, Especialização em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital da Puc Campinas, Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria - Contato: carolinacalafiori@hotmail.com