Jane Austen é principal inspiração para o filme "Perdida"

No longa brasileiro, existem referências à "Orgulho e Preconceito" e outras obras da autora; a edição da obra da Landmark já vendeu mais de 150 mil exemplares


Considerada a primeira romancista moderna da literatura inglesa, Jane Austen começou seu segundo romance, “Orgulho e Preconceito”, antes dos 21 anos de idade. Em 2023, o lançamento do filme “Perdida”, protagonizado por Giovanna Grigio, acompanha a jornada de Sofia, uma jovem que teme o amor e, na trama, é levada ao século XIX, época na qual se passam os romances de Austen.

O longa-metragem traz questões como a vida cotidiana da mulher tanto no século dezenove quanto atualmente por meio da determinação da protagonista para diversos assuntos, exceto o amor, tema no qual os únicos romances verdadeiros para Sofia são aqueles do universo de Jane Austen. Além disso, tanto o filme quanto o livro homônimo de Carina Rissi trazem referências especialmente à obra “Orgulho e Preconceito”.

O mais aclamado livro de Austen ganhou diversas versões no audiovisual, sendo a mais recente a versão de 2005, com interpretações de Keira Knightley e Matthew Macfadyen nos papéis principais, que ilustra a capa da edição bilíngue do livro lançado pela Landmark, a qual já vendeu mais de 150 mil exemplares e teve mais de 12 reimpressões.

“Orgulho e Preconceito” é tido como especial por transcender o preconceito causado pelas falsas primeiras impressões e adentrar na avaliação psicológica dos personagens. Assim, mostrando como o autoconhecimento, ou a falta dele, interfere nos julgamentos feitos com relação às outras pessoas, algo que também pode ser observado no filme “Perdida”. 

Por meio de uma escrita satírica, Austen revela certas posturas de seus personagens em situações cotidianas, nas quais os sentimentos deles devem ser decifrados por quem decide mergulhar na obra, visto que estão nas entrelinhas do texto. A escritora inglesa opta por expressar a discriminação de maneira sutil e perspicaz, transmitindo mensagens complexas com seu estilo espirituoso. 

O assunto principal da obra de Austen é abordado quando a autora menciona que um homem solteiro e afortunado deve ser o desejo de uma esposa. Dessa forma, a escritora faz três referências importantes: declara que o foco da trama são os relacionamentos e os casamentos, dá um tom de humor ao falar de maneira inteligente acerca de um tema comum e prepara o leitor para a dinâmica de jovens em busca de pretendentes. 

A partir disso, o romance retrata a relação entre a jovem Elizabeth Bennet (Lizzy) e o nobre Fitzwilliam Darcy na Inglaterra. Dentro disso, Mr. Darcy, por seu jeito frio, é mal falado e Lizzy inclusive desgosta dele, por ele ter ferido seu orgulho na primeira vez em que se encontram. Mesmo com uma má primeira impressão, Darcy se encanta por Lizzy, sem que ela saiba do fato. Então, o livro mostra a evolução do relacionamento entre eles e os que os rodeiam, desse modo, retratando a sociedade e o papel contemplado nela pela mulher na época.

A força de Jane Austen na cultura pop

Jane Austen (1775-1817) é considerada uma das maiores figuras da literatura inglesa, ao lado de William Shakespeare, Charles Dickens e Oscar Wilde. Ela representa o exemplo de escritora, cuja vida protegida e recatada em nada reduziu o dramatismo da sua ficção. Nasceu na casa paroquial de Steventon, Inglaterra, onde o pai era sacerdote, vivendo a maior parte do tempo nesta região. 

A fama de Jane Austen perdura através de sete livros principais: Razão e Sensibilidade (1811), Orgulho e Preconceito (1813), Mansfield Park (1814), Emma (1815), Persuasão (1818), Sanditon (1817) e A Abadia de Northanger (1818). Vista como uma das mulheres mais importantes da literatura, Austen já foi referenciada diversas vezes na cultura pop.

Ao menos dez adaptações foram feitas da obra “Orgulho e Preconceito”, desde releituras como a comédia “O Diário de Bridget Jones” (2001) ou a paródia “Orgulho, Preconceito e Zumbis” (2016) até versões mais fiéis a obra original como o filme citado anteriormente lançado em 2005 e a minissérie de seis episódios da BBC intitulada “Orgulho e Preconceito” (1995).

Outra obra bastante adaptada da autora é “Emma”, tendo como mais recente a versão de 2020 estrelada por Anya Taylor-Joy no papel principal. Também existe um paralelo entre Sofia de “Perdida” e a Emma de Jane Austen: a primeira teme o amor e a segunda não desejava se casar no começo da trama. “Emma” possui uma edição bilíngue da Landmark lançada este ano. Obras como Persuasão, Razão e Sensibilidade e Sanditon também já ganharam adaptações sejam como filmes ou séries. 

Além de adaptações, as referências à Austen na cultura pop são inúmeras. “Orgulho e Preconceito” foi até mesmo citado no live-action da Barbie lançado em 27 de julho deste ano e protagonizado por Margot Robbie. 

Austen já foi lembrada também na série Bridgerton, em Sex Education – ambas da Netflix –  e na novela “Orgulho e Paixão” da Globo. Agora, a autora é inspiração para o filme brasileiro. A escritora é tão conhecida que possui seu próprio fandom, nomeado “janeite”, termo cunhado em 1894 no prefácio de uma edição de “Orgulho e Preconceito” por George Saintsbury. 

A edição, bilíngue e em capa dura da Landmark, de diversas obras de Jane Austen podem ser adquiridas aqui.

 

Sobre a Landmark

A Editora Landmark vem desde sua criação desenvolvendo sua linha editorial com o intuito de trazer ao público-leitor brasileiro o acesso à boa literatura, seja ela nacional ou estrangeira. Deste modo, desenvolvemos linhas editoriais com textos e imagens que se complementam através de projetos elaborados especialmente para oferecer ao leitor cultura, entretenimento e momentos de lazer.

Estas linhas desenvolvidas apresentam-se em ficção brasileira, ficção estrangeira, crítica literária, ensaios sobre História e Filosofia, análise e apresentação de textos originais sobre os principais formadores da Sociedade Brasileira. Apresenta também novas versões, sempre em edições bilíngues, para grandes textos e obras da Literatura Universal, ampliando com isso a oportunidade do público brasileiro no acesso aos textos originais de grandes autores, muitas vezes esquecidos ou deixados em segundo plano, mas essenciais na formação do espírito crítico. Saiba mais em: editoralandmark.com.br



Dicas de livros e filmes por Luciana Andrade - Livro: O clube de leitura de Jane Austen e Filme: Obsessão secreta

Dica de livro: O clube de leitura de Jane Austen de Karen Jo Fowler

“Consagrada pelos diálogos afiados e pela ironia presente em seus romances, Jane Austen é uma das escritoras inglesas mais conhecidas no mundo. Fã da autora, a norte-americana Karen Joy Fowler faz um divertido passeio por suas obras em O clube de leitura de Jane Austen, que se manteve por 33 semanas na lista dos mais vendidos do The New York Times, figurou no prestigioso ranking dos 100 livros notáveis do ano do jornal e deu origem ao filme de mesmo nome.

No livro, Fowler apresenta um grupo formado por cinco mulheres e um homem, traçando um paralelo entre seus personagens e os criados pela autora britânica, numa deliciosa análise dos relacionamentos modernos à luz da obra de Jane Austen. A trama, que se passa na Califórnia, começa quando Jocelyn, uma criadora de cães da raça Leão da Rodésia, decide montar um clube de leitura para discutir as obras de Jane Austen. Ela escolhe a dedo os integrantes: Sylvia, sua melhor amiga desde quando as duas tinham 11 anos; Allegra, filha de Sylvia; Prudie, professora de francês na escola local; a falante Bernadette, conhecida por ter se casado várias vezes; e Grigg, o único homem autorizado a participar. Enquanto mergulha no universo de Jane Austen, o sexteto vive suas próprias histórias.

Os leitores acompanham dramas como o divórcio de Sylvia, a morte da mãe de Prudie e o rompimento do namoro de Allegra. Mas nem tudo é tristeza: as irmãs mais velhas de Grigg dão uma ajuda para que ele se aproxime de sua paixão secreta, Bernadette encontra um novo marido e Jocelyn tem a chance de redescobrir o amor. Sucesso de vendas nos Estados Unidos,

O clube de leitura de Jane Austen mostra que Karen Joy Fowler é capaz de criar uma trama deliciosa, transportando para os dias de hoje a voz da escritora inglesa que soube, como ninguém, descrever a sociedade provinciana da Inglaterra no século XVIII. O livro de Fowler ganhou uma adaptação para o cinema, com roteiro de Robin Swicord e nomes como Emily Blunt e Kathy Baker no elenco”.

Fonte: Amazon

Dica de filme: Obsessão secreta

Luciana Andrade

Coluna Dicas de Livros e Filmes

Bibliotecária e Psicologa formada há alguns anos.. Atua na área de psicologia com consultório e no SOS Ação mulher e família como Psicologa voluntária . Cursou biblioteconomia por adorar os livros e assim ficou conhecendo mais profundamente a história literária. Através de filmes e livros consegue entrar em mundos reais, imaginários , fantásticos o que deixa o coração e a mente livres para conhecer, acreditar e principalmente sonhar. Email: luser8363@gmail.com

 

Dicas de séries por Raquel Baracat - Bridgerton (Netflix)

Perfeito o resumo feito por Natalia Dornellas @nataliadornellas sobre a série Bridgerton

IMG_7177.jpg

“Adoro criar formulas para fenômenos televisivos e embora não seja conhecedora do império Shondaland, da produtora de séries maratonáveis Shonda Rhimes, leia-se Greys Anatomy e Scandal, me arrisco a dizer que “Bridgerton”, da @netflixbrasil , é uma mistura de “Orgulho e Preconceito” com “Gossip Girl" e "Cinquenta Tons de cinza”.

Juro que nunca imaginei que as contemporâneas de Lizzy Bennet, personagem de “Orgulho e Preconceito” e uma clara inspiração pra qualquer heroína criada na literatura depois de 1813, quando o romance de Jane Austen foi lançado, tivesse uma vida pré-nupcial tão animada.

Do alto de seus mais de 3,5 milhões de livros vendidos, Julia Quinn é quem escreve a saga de nove livros que dão conta da vida da família Bridgerton, que, na série, é narrada pela fuxiqueira Lady Whistledown, na voz de Julie Andrews. Americana, com seus 50 anos, Quinn é claramente interessada na obra de Austen, mas adicionou a ela uma boa dose de pimenta, o que gosto particularmente.

Presentão de Natal para uma legião de românticas, “Bridgerton” traz para o cenário Daphne a indefectível heroína de “O Duque e Eu” e o insuportavelmente sedutor Simon, vivido por Regé-Jean Page. Versão pouco tradicional de Mr Darcy (o personagem masculino de Jane Austen) Simon é um rebelde com causa que soa canastrão, mas ainda assim arrebata e nos faz esquedcer de olhar para Anthony Bridgerton (Johathan Bailey), o primogênito Bridgerton, o visconde-gato.

Só lembrando que estamos novamente em 1813 - mesmíssimo ano da publicação de “Orgulho e Preconceito” - e Londres tem um rei que foi parar no cinema como louco, George III. E, sim, havia uma rainha negra, pois ele se casou com a norte-africana Charlotte (Golda Rosheuvel), o que traz um colorido vigoroso para uma produção deste período.

De volta à trama, Daphne é a mais velha de quatro irmãs e precisa conseguir um bom casamento. Junto dela disputam cerca de outras 200 debutantes.

Pra fechar, atente-se para a trilha que traz clássicos do pop interpretados pelo quarteto Vitamin String Quartet. (TEXTO COMPLETO EM @claudiaonline)



Dicas de séries por Raquel Baracat - Sandinton (BBC)

“Sanditon tem potencial para ser a adaptação mais ousada das obras de Jane Austen

Jane Austen é um dos nomes mais famosos da literatura mundial. Logo, não é surpreendente ver como suas obras ganham tantas adaptações no cinema e na TV. Mas um texto da autora é mais difícil de levar para as telas do que os outros: o romance inacabado Sandition, sua última criação antes de falecer em 1817. Isso não impediu Andrew Davies de assumir tal missão, em uma nova minissérie. Não reconheceu o nome? Ele é responsável pela icônica adaptação televisiva de Orgulho e Preconceito em 1995, além das recentes minisséries Os Miseráveis e Guerra e Paz.

Surge Sanditon, série centrada em Charlotte Heywood (Rose Williams), irmã mais velha dentre 12 irmãos de uma modesta família do interior. Após ajudá-lo num incidente, a jovem curiosa é convidada pelo investidor Tom Parker (Kris Marshall) para conhecer a cidade do título, que ele aposta ser capaz de se transformar num famoso resort à beira-mar. Lá, a jovem inocente se encontra no meio da disputa pela herança da rica Lady Denham (Anne Reid), enquanto passa a ter confrontos com Sidney Parker (Theo James); o centrado e temperamental irmão de Tom.

Logo no piloto, a série é capaz de levar o espectador para o mundo das obras de Austen. Numa fotografia que lembra vagamente Anne with an E, belas paisagens são cenários ao fundo do retrato de uma época mais simples — onde existia confiança suficiente para deixar sua filha adolescente viajar com um quase desconhecido, mas ainda era uma sociedade movida por normas preconceituosas e sexistas. Sem falar que as diversas figuras excêntricas que a autora adora criar estão ali: a senhora rica que não tem papas na língua; a protagonista inteligente e bondosa; a socialite venenosa; o galã misterioso e por aí vai...

O grande desafio é que Jane Austen escreveu apenas onze capítulos de tal obra antes de sua morte — algo que compõe cerca de apenas 24 minutos do piloto de Sanditon. A partir daí, até o oitavo e último episódio, será tudo criação de Davies, determinado a criar algo atraente o suficiente para o público moderno. Tal transição fica clara já no próprio capitulo, cujo arco final tem algumas reviravoltas abruptas demais, em comparação ao ritmo apresentado até ali. Isso não significa, necessariamente, algo ruim. Andrew Davies tem experiência em adaptar livros clássicos e trazer uma pimenta a mais. Vale lembrar aquela famosa cena do Mr. Darcy de Colin Firth no lago, capaz de seduzir toda uma geração.

No caso atual, antes mesmo da estreia, Sanditon causou polêmica com fãs tradicionais de Austen, a partir da notícia que a série teria sexo na narrativa. Ao conferir o episódio, por mais que exista a surpresa num momento de nudez masculina, a cena de sexo em questão não é algo gratuita, sem abusar para passar a mensagem desejada. Ao mesmo tempo, a apreensão em descaracterizar demais o estilo da obra é apoiada pelo roteiro pouco inspirado, recheado de clichês sem sutilezas. Já o uso forçado de certos ângulos de câmera, como closes longos, prejudica a narrativa singela ali apresentada. Afinal, o grande trunfo de Jane Austen era saber rir da sociedade em que vivia, mas de uma maneira sagaz e criativa, trazendo veracidade até para personagens mais excêntricos.

Mas o importante é que o potencial está ali. Num momento inicial, Anne Reid é o destaque do elenco, ao roubar todas as cenas com Lady Denham; mas a química entre Charlotte (Rose Williams, sem muito brilho por enquanto) e Sidney (um Theo James sedutor, mesmo que preso às comparações com Mr. Darcy) já é palpável. Já o arco de Georgiana Lambe (Crystal Clarke) — primeira personagem negra de Austen — promete ser uma das melhores coisas da série, mesmo sem muito tempo de tela no piloto,.

Assim, Sanditon traz uma narrativa apaixonante, capaz de conquistar fãs do gênero. A dúvida é ver se ela consegue trazer algo relevante, sem precisar fugir de sua base. Num primeiro momento, a série parece ser mais simplista, diante de colegas do gênero, como The Crown ou Gentleman Jack. Numa comparação com o mundo de Austen, seria mais similar a Amor & Amizade (2016) com Kate Beckinsale; do que o Orgulho e Preconceito (2005) de Keira Knightley. Ou seja, não é ruim, mas ainda temos que torcer (e esperar) para ver onde irá chegar”.

Fonte: http://www.adorocinema.com/noticias/series/noticia-150474/