As contas sempre chegam - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

Podem demorar, mas chegam

 

O Brasil é o país da impunidade e da roubalheira. Isso não há como negar. Como cantava o Renato do Legião urbana, “Na favela, no senado, sujeira pra todo lado.... Que país é esse? Que país é esse?”. Está difícil acompanhar as notícias sem um saco de vômito na mão. É triste, muito triste ver um país com tantas coisas maravilhosas, muita gente do bem e tanto potencial sendo pilhado por corruptos em todos os níveis da sociedade. A pergunta que sempre me faço é: Será que um dia haverá mudança? Eu ou a minha filha a veremos?

Mas uma coisa temos que concordar – Os tapetes estão sendo levantados. E além da sujeira, que é muita, alguns rostos estão aparecendo e sendo desmascarados. A impunidade é forte, mas não eterna. Como já escrevi aqui neste espaço, “a mentira tem vontade própria”. Não adianta tentar escondê-la. Um dia, quando você menos espera, ela se mostra. A mentira gosta de palco.

Hoje o meu sentimento é um só, e acho que uma boa parte dos brasileiros pensa como eu. Quero mesmo é que todos sejam pegos e sofram as piores consequências pelo que fizeram de mal ao país. Políticos, empresários, profissionais liberais, lobistas, parentes e qualquer outro que tenha conta pra pagar. Que paguem e paguem caro.

Sempre quando penso nisso é inevitável não fazer uma ponte com a vida profissional. Quem já foi meu aluno sabe que abro toda e qualquer conversa sobre planejamento de carreira com uma frase: “A carreira é uma maratona, não uma prova de 200 metros”. No curto prazo, tudo funciona. Puxar o saco do chefe, roubar uma ideia de um colega, puxar o tapete de outro e outras táticas medonhas. Mas no médio e longo prazos só uma coisa funciona: Resultados. Ou seja, a meritocracia está sempre no comando e de olho em todos nós. Cada um colhe o que planta, na vida e na carreira. Depois de 25 anos de estrada e 10 anos estudando o tema, não tenho mais dúvida alguma.

Com a assertividade que me é peculiar, digo sempre aos meus alunos: - Se você não está satisfeito com o que está rolando na sua carreira ou com o rumo dela, a primeira coisa a fazer é olhar para trás e fazer um balanço das suas atitudes, posturas e decisões. Só se for muito cego não vai ver que o que acontece hoje é fruto de decisões (ou indecisões) do passado. É quase matemático.

Entretanto, fazer esse balanço só ajuda a ter consciência da situação, mas não a muda. O que muda o rumo de uma carreira são decisões e ações concretas. E nunca, nunca mesmo, é tarde para fazê-lo. Conheço inúmeros casos de pessoas que promoveram mudanças enormes na forma de conduzir a sua carreira e colheram frutos bem rápido. Basta querer, querer mesmo e, óbvio, colocar os exércitos no campo de batalha.

Pois hoje o que me rouba minutos de reflexão é isso. Sem qualquer conotação religiosa, acredito que o mundo é uma grande conta corrente. Se o saldo está positivo ou negativo, depende dos depósitos e saques que fazemos todos os dias. Sigo sem acreditar em obra do acaso, por mais que respeite as teses que a defendem. Acho que as nossas decisões de hoje moldam o que virá no futuro. E quem achar que consegue sentar no bar, beber e sair sem pagar a conta, vai se pego e vai ter que pagar de qualquer jeito ou com qualquer moeda.

Essa forma de enxergar as relações de causa e efeito me faz ficar atento e me sinto bem assim. Quando a tentação de fazer algo errado me visita, como visita a todos, nunca perco a consciência de que, se aprontar, as consequências virão, mais cedo ou mais tarde. Hoje, mais do que nunca, prefiro não fazer. Isso, pelo menos, me permite colocar a cabeça no travesseiro e dormir em menos de 1 minuto, sem ficar olhando para o guarda-roupas com medo de algum fantasma sair dali no meio da madrugada. Pense nisso e guarde essa frase: “As contas chegam, sempre”. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

 

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

As três faces da Empatia - Coluna "Sua Carreria" por Marcelo Veras

 

“Entender, sentir e cooperar”

 Na sua opinião, qual é um dos maiores males da atualidade? Na minha, não tenho dúvida, o fanatismo. Escrevi sobre isso no meu artigo anterior. E o segundo maior mal? Também não tenho dúvida – a falta de empatia. Esse é o meu assunto de hoje. O fanatismo sem controle tem quase produzido mais desgraça e insegurança do que algumas guerras. Já a falta de empatia, é o catalizador maior do primeiro mal. Quando o ser humano não é capaz de se colocar no lugar do outro, a intolerância e o desrespeito tomam o poder, controlam a mente e determinam as ações. O resultado é um só – cada um por si e ninguém pelo bem de todos.

Chefes esquizofrênicos, políticos corruptos, colegas de trabalho que dedicam mais tempo a fazer o mal do que a trabalhar bem em equipe e produzir, empresários gananciosos que visam o lucro a qualquer custo e por aí vai. O mundo atual é um barril de pólvora. Não há como prever e evitar todas as explosões, elas vão ocorrer e vão trazer consequências ainda maiores. O limite está próximo.

Empatia é algo fácil de entender, mas hoje quero me aprofundar no seu conceito, mostrar as suas três faces e como essa competência é tão importante para a vida e para a carreira. Embora, infelizmente, rara nos dias atuais, garanto que quem souber desenvolvê-la vai sair na frente e colher sempre bons frutos.

Ter empatia é ser capaz de se colocar no lugar do outro. O conceito é fácil de entender, mas é amplo demais. O que significa “se colocar no lugar do outro”? Bom, quando discuto essa competência em sala de aula, sempre vejo um certo incômodo em relação ao real significado dessa competência e de como potencializá-la. Portanto hoje resolvi explorar as três atitudes práticas de quem tem uma boa empatia. Vamos lá:

Primeira: Dimensão cognitiva. Traduzida em uma frase, seria: “Eu entendo a sua perspectiva”. Ou “eu entendo o seu sentimento”. Isso se consegue sendo um bom ouvinte, concentrado no que o outro está falando e procurando, a partir do sentimento exposto, entender perfeitamente por qual motivo aquele sentimento está ali.

Segunda: Dimensão emocional ou afetiva. De novo, traduzida em uma frase, seria: “eu sinto o que você sente”. Em outras palavras, se você realmente compreendeu o porquê do sentimento da outra pessoa, tentar colocar o seu pé no sapato dela e sentir a dor que ela sente. Isso se consegue a partir da dimensão anterior. É como se eu saísse de mim e passasse a enxergar o mundo como o outro, mesmo que por um instante, apenas para sentir o que ele sente;

Terceira: Dimensão comportamental. Essa é a dimensão da ação. Em outras palavras, “Conte comigo”. Eu entendo o seu sentimento, consigo sentir a sua dor e me coloco à disposição para lhe ajudar.

Veja, essa quebra em três dimensões ajuda muito a entender como essa competência precisa ser materializada nas relações. Cada dimensão nos faz um convite claro para uma jornada de entendimento e ação em relação às pessoas que convivem conosco. Não sei se você enxergou o poder que a empatia tem de mudar um departamento, uma empresa, uma cidade, um país e até o mundo. Infelizmente, essa competência está pouco democratizada e não é trabalhada na preparação de profissionais para o mercado. Mas se analisarmos as corporações e sociedades mais desenvolvidas, a preocupação empática é mais evidente. Nas sociedades e empresas mais desenvolvidas, as pessoas têm posturas mais equilibradas e que visam o bem coletivo e não só individual. Mas isso, repito, é mais raro hoje do que político honesto.

Portanto hoje fica essa dica. Invista nessa competência. Concentre-se em quem está a sua volta. Tenha interesse genuíno pelas pessoas com as quais convive. Não deboche dos sentimentos alheios. Não é porque algo não lhe toca ou dói que não pode estar fazendo um estrago em alguém perto de você. O mundo precisa de empatia. As empresas precisam de empatia. Os líderes precisam de empatia. Sem ela, estaremos cada vez mais nesse ciclo vicioso do “cada um por si”. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

 

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.  marcelo.veras@unitaeducacional.com.brfacebook.com/verasmarcelo LinkedIn: Marcelo Veras - Skype: verasmarcelo  Tel: (19) 99610-3105 (19) 99482-3333

 

Não se esconda na crise - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 

“Quem ficar na toca, vai dançar. Quem sair dela, vai colher”

 - Theo, Theo, onde você você vai? Que cara é essa? Parece transtornado!

- Vou sair por aí. Procurar comida, água e novos projetos.

- Você bebeu? Estamos todos aqui, juntos. Pra quê se arriscar? O chefe falou para ficarmos juntos nessa crise e não nos arriscarmos muito. Tá faltando comida, água, tudo por aqui. Vamos esperar tudo isso passar e seguimos em frente!

- Pois é, não concordo com ele. Ficar aqui, parado, esperando as coisas caírem do céu? Nem pensar. E tem mais, percebe o cheiro que fica no ar com todo esse bando junto, sem tomar banho há dias. Eu, heim! Vou nessa!

E assim Theo se mandou, sozinho, no meio da seca e do calor dos infernos, mas confiante que a crise do momento não deveria lhe estagnar ou acomodar.

Depois de algumas semanas, com o tempo melhor e a chuva dando sinais de que cairia, o bando de Gnus resolveu se mover. Todos sujos, entediados, desanimados e magros, saíram pelas savanas na direção da chuva e do verde. Depois de tanto tempo sem se exercitarem, alguns nem conseguiram mais levantar e morreram por ali mesmo. Os que conseguiram seguir, estavam magros, descontentes e com o raciocínio meio travado. Afinal, foram muitos dias sem encontrarem nada.

Mais adiante, avistaram de longe um grupo pequeno de Gnus. Todos fortes, felizes e dançando. Ao chegarem perto, quem dá um sinal? Theo. Ele mesmo.

- Theo! Tudo bem? Que bom vê-lo! Achávamos que você tinha morrido.

- Olá, queridos! Bom revê-los também. Pois é, confesso que também tive medo de morrer, mas acho que o medo também me ajudou a enfrentar a situação.

- O que você fez? Pra onde foi? Conta, conta!

- Bom, o que fiz foi simples. Fui em busca dos meus amigos e parceiros. Fui procurá-los para saber se tinham alguma oportunidade para mim ou um espaço em seus bandos. No início, tive um pouco de vergonha, mas depois fui ganhando confiança e mostrando os meus talentos. Sou um bom farejador, sabia? E tenho persistência! Eles curtiram essas habilidades.  Até que achei esse grupo. Eles precisavam exatamente que eu tinha para oferecer. E aqui estou.

- Caramba, Theo! Que legal. Parabéns pela coragem e iniciativa. Enquanto isso, nós ficamos lá, parados e esperando as coisas melhorarem. Que perda de tempo!

Essa fábula me veio à cabeça depois de uma mensagem que recebi nessa última semana. Uma ex-aluna me escreveu pedindo ajuda para escolher entre duas propostas de emprego que tinha nas mãos. Duas empresas grandes, dois cargos legais, dois possíveis futuros chefes competentes e uma dúvida: Qual escolher?

Veja:  no meio de uma crise, alguém com duas propostas fantásticas e tendo que escolher entre elas. Um caso raro? Não. Pode acreditar. Mesmo em momentos difíceis, há pessoas que estão encontrando oportunidades e crescendo. E a razão disso é que essas pessoas não estão enfiadas em uma toca esperando a crise passar. Estão ativando a sua rede de contatos, conversando com pares do mercado, estão atentas aos movimentos de algumas empresas e setores que já estão se preparando para retomar o crescimento.

A crise vai acabar. Não tenha dúvida disso. Já ouço rumores de que alguns setores já começam a pensar no segundo semestre de 2016 com apetite de contratar e crescer. O Brasil não vai afundar. O mundo não vai acabar.

Portanto, se você estiver na toca, saia já! Tome um banho, coloque suas armas (competências, habilidades) na cintura e vá encontrar um lugar onde possa fazer a diferença. Apresente-se, sem vergonha ou temor. Só não fique na toca, porque dali não sai nada. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.

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Você tem a chave correta? Coluna Coaching por Gustavo Nicolini


Você tem passado dificuldades em algum tipo de relacionamento? Talvez conjugal, com os os pais ou então com os filhos? Possivelmente não compreende algumas atitudes de seu chefe ou funcionário?

Nos EUA, algumas pesquisas demonstram que 80% dos fracassos profissionais, inclusive falhas ou acidentes durante a jornada de trabalho, não ocorrem por problemas técnicos ou erros de processo, mas estão relacionados a conflitos pessoais e problemas de comunicação.

É fato que a comunicação é uma atividade essencial para a vida em sociedade.

E para nos comunicarmos de forma efetiva, precisamos ter consciência de que nossos valores, crenças, experiências, dentre outros, têm grande influência sobre nossos relacionamentos.

O estilo comportamental também.

Existem pessoas nas quais desenvolvemos uma afinidade imediata, tornando o relacionamento fácil, possivelmente porque compartilhamos estilo semelhante.

Porém, o nosso estilo mais natural é incompatível com a maioria das pessoas com as quais precisamos nos relacionar, seja na esfera pessoal ou profissional.

Aquilo que agrada e é confortável para mim não será para você, o que dificulta nossa comunicação e relacionamento, influenciando na maneira como nossos sentimentos são comunicados.

E nessa tensão, temos a inconsciente e ingênua pretensão de tentar mudar o outro, para que ele se adapte à nossa forma de pensar e agir.

Dr. Anthony Portgliatti, Presidente e Chanceler da Christian Florida University (FCU), possui uma frase muito interessante: “Não existem mentes e corações fechados. Existem chaves incorretas”.

Embora cada individuo tenha uma personalidade singular, a maioria dos comportamentos pode ser sistematicamente moldado. Você não pode mudar seu estilo próprio, mas você pode adaptar o seu comportamento para melhor combinar com o estilo da outra pessoa.

Então, torna-se fundamental reconhecer quando o estilo de alguém não corresponde ao seu. A sua adaptação ao estilo e padrões do outro pode reduzir as tensões e garantir um bom relacionamento.

Dizem que a “Regra de Ouro” é tratar as pessoas como você gostaria de ser tratado. Isso é uma meia-verdade. O segredo está em tratar as pessoas como elas gostariam de ser tratadas.

FLEXIBILIDADE!

Esse é o pressuposto de sucesso para a próxima década.

É o ponto inicial da comunicação, que irá te ajudar a desenvolver formas efetivas de lidar com conflitos, minimizar os mal-entendidos e, cultivar um ambiente de respeito, aceitação e confiança.

Como resultados, a alta motivação, maior rendimento, aumento de performance e novo sentido para os relacionamentos.

Gustavo Nicolini

Coluna Coaching

Master Coach e palestrante, formado pela Federação Brasileira de Coaching Integral Sistêmico (Febracis), com certificação internacional pela Florida Christian University (FCU). Possui MBA em Administração com ênfase em Gestão pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Mestrado em Educação pela PUC-Campinas e Bacharel em Odontologia pela PUC-Campinas. Experiência de 14 anos como gestor de empresas, atuando nas áreas de planejamento estratégico, gestão de projetos e processos, desenvolvimento e treinamento de equipes. 

Site:  www.gustavonicolini.com / contato@gustavonicolini.com.br

 

Fanatismo no comando - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

“Qualquer tipo de fanatismo é, por definição, burro”

 

Ainda estamos estarrecidos com os últimos atentados terroristas na França. Mais de uma centena de inocentes mortos por causa de fanatismo religioso. Está tudo meio estranho, meio confuso. O mundo virou um barril de pólvora. Nunca foi muito indicado se cultivar 100% de segurança e confiança em nada ou em ninguém, mas, ultimamente, parece que a situação está ainda mais complicada. Parece, na verdade, que vivemos a maior crise de descrédito dos últimos tempos. E o pior é que ninguém sabe como isso tudo vai acabar, se é que vai acabar. A crise de confiança é total.

Fiz um post recente na minha página do facebook recomendando um ótimo livro que estou lendo (Sapiens: Uma breve história da humanidade, autor Yuval Harari, 2014). Essa viagem pelos últimos 45.000 anos de história tem sido provocante, e até citei neste post uma reflexão do autor sobre os mitos e as ficções. Segundo o autor, um homo sapiens conseguia dominar um grupo de, no máximo, 150 pessoas. Isso há 15.000 anos.

A ferramenta desenvolvida para fazer com que pessoas desconhecidas pudessem colaborar de forma eficaz em uma causa foi o que o autor chama de mito ou ficção, ou seja, criar algo que as pessoas acreditassem e seguissem. Quanto melhor fosse contada a história, mais seguidores convictos ela faria. Essas entidades têm um poder enorme de colocar pessoas lutando pela sua causa e consolidar um líder no poder. Foi uma estratégia genial, segundo o autor. Isso foi determinante para o ser humano dominar o mundo e as outras espécies.

O autor acredita que as religiões surgiram dessa necessidade. Bem mais recente, a criação das empresas também representa outra ficção, ou seja, uma entidade criada para fazer com que estranhos colaborem. Obviamente estou aqui fazendo a síntese da síntese desse longo texto. Mas ao analisar o poder das religiões, das empresas, dos times de futebol, entre outras entidades que constroem verdadeiros exércitos, fico me perguntando: Essas entidades produziram mais o bem ou mais mal? Com certeza foram fundamentais para o desenvolvimento do mundo, mas a pergunta não deixa de ser provocante.

Tem muita gente criticando a religião A ou B, o posicionamento político A ou B. A intolerância com o diferente é total. Mas creio que a maioria se esquece da causa maior dos problemas – o fanatismo.

Na minha visão, cada um de nós tem o direito legítimo de seguir a causa que quiser, a orientação política que quiser, a religião que quiser e o time de futebol que quiser. Lutar por essa causa é bom e ajuda a dar sentido à vida. O problema é quando se perde o controle, ou seja, quando deixamos de ser seguidores e passamos a ser fanáticos. Nessa hora, quando perdemos o controle sobre o nosso desejo, viramos um animal irracional.

O fanatismo cega, não nos permite enxergar o outro e nos deixa manipuláveis por outros fanáticos. O resultado? Isso que está aí. Não só na França, mas na guerra da Síria, nos torcedores de times rivais se matando na rua, no conflito eterno em Israel e em vários outros locais e dimensões sociais. O problema não são as causas, mas o fanatismo por elas.

Nas empresas não é diferente. Algumas pessoas perdem o controle sobre o que significa uma relação saudável no trabalho. Algumas se matam pelas suas empresas, abdicam de ter uma vida equilibrada ou da família para se dedicar exclusivamente ao trabalho. Outras, compram os objetivos da empresa de forma tão cega e radical que esquecem de se perguntar qual é a função social de tudo. Há uma diferença básica entre comprometimento e fanatismo. O resultado do fanatismo? Está aí também. Empresas que não respeitam as leis, que exploram as pessoas e o meio ambiente de forma irresponsável. A causa? Mais uma vez, o fanatismo. Neste caso, o fanatismo pelo lucro a qualquer custo.

Embora triste com tudo o que vejo hoje, tenho dito aos meus alunos que este é um momento propício para cada de nós pensar um pouco no sentido que está dando para cada dimensão da sua vida e das suas ações. Será que não estou perdendo o controle sobre os meus desejos? Será que não estou fanático por algo que, no fundo, não é bom? Pense nisso. Defenda suas causas, mas sem fanatismo. Ele destrói mais do que constrói. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.

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O sapo e o escorpião - Coluna "Sua Carreira" por Marcelo Veras

 É difícil mudar a nossa essência

  

A chuva veio forte, muito forte. E quando se deu por conta, o escorpião estava ilhado em um pequeno espaço de areia, sem nenhuma linha de conexão com a margem da lagoa. Quando estava quase entrando em desespero, avistou um sapo nadando bem próximo, na direção do barranco. Não pensou duas vezes:

- Oi amigo, tudo bem? Você pode me ajudar?

- Oi, tudo bem? Ajudar em quê? – respondeu o sapo.

- Estou preso aqui e essa chuva não vai parar tão cedo. Não sei nadar e preciso chegar à margem antes disso tudo aqui ficar debaixo d´água e eu morrer. Você poderia me dar uma carona?

- Você está brincando, não é? Você acha mesmo que vou colocar um escorpião nas minhas costas?

- Como assim?- respondeu o escorpião. Só quero ser salvo. Não vou fazer nada com você. Aliás, por que acha que faria algo com alguém que salvaria a minha vida?

- Sei lá! – disse o sapo. Não confio em um escorpião.

- Ora, vamos lá! Deixa de bobagem. A água não para de subir. Me salva, vai! Prometo que não vou fazer nada de mal a você. Juro por tudo o que for mais sagrado. Assim vai fazer uma boa ação!

Após alguns segundos de reflexão, o sapo concordou em deixar o escorpião subir nas suas costas e nadar até a margem. Os dois seguiam lentamente, debaixo da chuva forte e chegaram bem. No entanto, antes de descer das costas do sapo, o escorpião cravou seu ferrão no pescoço do sapo e descarregou uma enorme dose de veneno. Ainda agonizando, mas consciente, o sapo falou:

- Poxa vida, você me traiu! Por que fez isso? Eu salvei a sua vida. Você me garantiu que não ia fazer nada de mal a mim. Seu idiota!

O escorpião olhou profundamente nos olhos do sapo, sabendo que ele morreria em segundos, e disse:

- Desculpe-me, mas não posso ir contra a minha natureza.

Essa história reflete bem uma dinâmica das relações que acho que todos já passaram alguma vez na vida. Refiro-me a todos os tipos de relações, pessoais ou profissionais. Situações em que nos sentimos absolutamente surpresos com alguns posicionamentos, mas que, no fundo, eram 100% previsíveis. O sapo, no caso, sabia qual era a natureza do escorpião. No fundo, no fundo, ele sabia. E dançou por acreditar que ela poderia ser mudada.

Não estou afirmando que pessoas ou convicções pessoais não mudem. Mudam sim, e muito. Mas algumas questões são tão, mas tão, enraizadas e fazem parte de um conjunto de convicções tão profundas, que não mudam nem sob tortura. Notem a postura de determinadas pessoas em relação à política ou religião. Percebam também os traços culturais e os códigos de conduta (escritos e não escritos) de empresas, ou até mesmo as convicções de pessoas ligadas a você (família, amigos). Se você pensar bem, vai encontrar valores e crenças que fazem parte da natureza dessas pessoas e organizações e que são como a postura do escorpião – na hora “H”, prevalecerão.

Essa história não é um alerta para ninguém. Apenas uma constatação de que o ser humano é um animal, que embora tenha inteligência e capacidade de raciocínio, também tem instintos naturais. É preciso entender isso, aceitar essa verdade e se prevenir contra “venenos de escorpião”. Como? Procurando conhecer bem e profundamente cada pessoa que entra na nossa vida, seja na dimensão pessoal ou profissional, entendendo quais são os seus valores mais profundos e a sua natureza. Isso se consegue com muita conversa, perguntas, respostas, discussões sobre os temas em comum e analisando o histórico de decisões e posturas dos outros. Nem sempre isso é suficiente e sempre poderemos nos surpreender, para o bem ou para o mal, mas ajuda a minimizar os riscos de morrer como o coitado do sapo. Até o próximo!

Marcelo Veras

Coluna Sua Carreira

CEO da Atmo Educação.  Sócio e membro do conselho da Unità Educacional. Professor de Marketing, Estratégia Empresarial ePlanejamento de Carreira em cursos de MBA Executivos. Experiência de 25 anos em empresas como: Rede Positivo, Souza Cruz, Claro, TIM, ESPM,  ESAMC, AYR Consulting, Unità Educacional e Atmo Educação. Autor/Organizador de dois livros: Métodos de Ensino para Nativos Digitais (Atlas, 2010) e Gestão de Carreira e Competências (Atlas, 2014). Mediador do FAB – Future Advisory Board.

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