Cássia tinha trabalhado muito na vida e chegou a hora de parar.
Tendo trabalhado por muitos anos numa grande empresa de contabilidade, sua grande experiência em análise de números e cenários, sua habilidade em colocar débitos e créditos numa planilha e descobrir onde estavam os erros, já tinham lhe rendido todo o reconhecimento e mérito que uma carreira profissional de sucesso poderia lhe proporcionar.
Tendo começado a trabalhar muito cedo e perseverado na área das Ciências Contábeis, achava que era hora de se aposentar dos números e começar uma nova atividade, mais light, com menos pressão, mais divertida, afinal, ela se considerava nova, com vontade de continuar trabalhando e experiência em trabalho era o que não lhe faltava.
Capital para começar também não era um empecilho. Sabendo controlar as contas, Cássia havia feito um belo ‘pé de meia’ durante a sua carreira.
Mas, começar algo do zero era algo que ela não queria.
Seus elevados níveis de segurança apontavam que ela deveria investir numa franquia, final, já seria algo testado e aprovado.
Era seguir a receita do bolo e o sucesso seria garantido.
Visitou feiras de franquias, conversou com amigos, leu e pesquisou muito a respeito do assunto, afinal ela gostava de segurança e previsibilidade.
Conversando com uma amiga, descobriu que ela tinha investido numa cafeteria num ponto de Shopping Center.
Era um investimento relativamente alto, mas o negócio não dependia de muitos funcionários, tinha muito tráfego de gente, clientes à vontade, fato que Cássia se alegrou.
Como era algo muito automatizado, ela mesma poderia tocar praticamente tudo sozinha e, no máximo, teria mais um, ou no máximo mais dois colaboradores.
Não teve dúvidas. Foi ao franqueador, leu a circular de oferta, gostou e assinou o contrato, que lhe custou bastante de seus recursos financeiros.
Teve seu ponto aprovado dentro de um shopping, montou e realizou seu sonho de ter um negócio próprio e bem sucedido, afinal tinha tomado todas as precauções necessárias, certo?
Só que não.
As coisas não caminharam como ela pensava.
Apesar de ser franquia, os resultados não eram os mesmos da amiga com a qual tinha conversado nem parecido com os oferecidos pelo franqueador.
Os custos do shopping eram altos, as vendas não cresciam e o desânimo dela era cada vez maior a cada dia que passava.
Quando imaginava que tinha que se levantar para ir trabalhar naquilo que ela mesmo havia escolhido, o corpo pesava e a vontade era de ficar em casa quietinha até a vontade passar.
O que aconteceu de errado?
Ela soube de tudo sobre o negócio, só se esqueceu de saber tudo sobre ela mesma, antes de decidir fechar o negócio.
Ahhhhhh o bendito Autoconhecimento que tanto se fala!! A tal Inteligência Emocional tão na moda e os Motivadores que não se fala tanto, mas faz toda a diferença nas suas escolhas.
Mas ela achava que tudo aquilo era bobagem, afinal trabalhou por tantos anos sem saber nada daquilo.
Pois bem, não era.
Se tivesse feito um planejamento para se conhecer antes de aplicar sua suada poupança num negócio, teria descoberto que, ou ela teria bastante dificuldade para se adaptar ao tipo de negócio que ela estava escolhendo ou teria optado por comprar outro tipo de franquia, que se adaptasse mais ao seu estilo pessoal de atitudes.
Cássia era muito bem sucedida num tipo de trabalho em que ela, sozinha e quietinha, conseguia resolver as coisas. Não tinha que ficar falando com ninguém, distribuindo sorrisos. Seu negócio não era promover uma experiência para o seu cliente, mas sim, proporcionar informações claras, diretas e concisas, sem rodeios. De forma alguma ela era uma pessoa antipática, não é isso. Ela apenas se cansava desses necessários contatos sociais constantes.
Tratar clientes diferentes todos os dias, cumprimentar inúmeras vezes por dia e com um sorriso no rosto, não era bem a sua praia.
Na cabeça dela, ter uma franquia de café se limitava a atender, preparar, servir, receber e pronto.
Não passava pela cabeça dela que para aquele tipo de negócio, gostar de contato com gente, se importar com o que o cliente pensa sobre o estabelecimento e marca seriam importantes, pois eles dizem o que sentem, recomendam ou não o estabelecimento a outras pessoas, baseado na sua experiência local. A tal da ‘experiência do cliente’ incluía a relação com ela.
Tomar um café tem que ser um momento de relax, um ponto de parada, um break e, para isso, se sentir acolhido é uma necessidade.
Cássia estava acostumada a dar boas e más notícias da mesma forma, só precisava ser direta e imparcial. Fornecer um momento de acolhimento e uma experiência agradável não era um de seus talentos naturais.
Não quer dizer que ela não possa ter sucesso mas, se tivesse sido avisada desde o início, das duas uma, ou teria se adaptado melhor para desenvolver seus pontos fracos ou teria procurado um outro ramo para investir seus recursos.
Assim sendo relembre, #autoconhecimentoliberta e pode poupar muito dinheiro e dissabores em seus futuros projetos de mudanças na vida.
Isso é autoconhecimento na veia!
Até a próxima
Maurício Duarte
Maurício Duarte
Coluna Autoconhecimento
Maurício Duarte é desde 2005, Analista de Perfis Comportamentais, Motivadores, Axiologia e Inteligência Emocional, formado pela TTI - Target Training International. Bacharelado em Comunicação Social pela PUC Campinas, é pós graduado em DPHO- Desenvolvimento de Potencial Humano nas Organizações e Psicanálise. Diretor da Antares Talentos - Desenvolvendo Talentos para a Vida www.antarestalentos.com.br